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Atividade física para crianças deve ser leve a moderada

Ortopedista e médica do esporte, Ana Paula Simões explica que praticar esporte na infância é fundamental, mas deve-se evitar excessos e procurar um médico em caso de dores, inchaços, febre e outros sinais. Entenda

Incentive crianças e adolescentes a fazerem esportes. A atividade física é benéfica e importante em todos os ciclos de vida (crianças, adolescentes, adultos e idosos). E quanto mais cedo for incentivada, melhor. E se os pais derem exemplo, melhor ainda. Assim, mais facilmente se forma um hábito, trazendo inúmeros benefícios para a saúde. Alguns desses benefícios são: controle do peso; diminuição da chance de desenvolvimento de alguns tipos de câncer; diminuição da chance de desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças do coração. E ainda auxilia na saúde mental, especialmente nesse momento, após mais de um ano e meio de pandemia.

A atividade física é benéfica e importante em todos os ciclos de vida, inclusive na infância — Foto: Internet

Com qual idade começar? E por quanto tempo a criança pode treinar?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças de 2 a 5 anos façam duas horas de atividade física por dia, todos os dias. Claro que são atividades lúdicas e condizentes com a faixa etária, como brincadeiras no parquinho, jogos com bola, andar de bicicleta, natação.

Dos 5 aos 17 anos, é preciso estimular pelo menos uma hora de exercícios por dia, com atividades de intensidade moderada. Além das brincadeiras típicas da infância, exercícios aeróbicos como corrida, caminhada, natação, dança, ciclismo e algumas modalidades esportivas podem ser praticados todos os dias.

Exercícios de fortalecimento muscular também entram como indicação de três dias na semana – mas é preciso atenção devido a imaturidade musculoesquelética de crianças e adolescentes.

Essas atividades colaboram não só com o fortalecimento da musculatura, como com a sustentação dos ossos. Ainda aumentam a lubrificação das cartilagens, melhoram o desempenho das articulações e reduzem dores em geral.

Para crianças e adolescentes, as atividades devem ser de leves a moderadas. De acordo com o Guia De Atividade Física Para A População Brasileira do Ministério da Saúde, as intensidades são assim descritas:

– Leve: exige mínimo esforço físico e causa pequeno aumento da respiração e dos batimentos do coração. Numa escala de 0 a 10, a percepção de esforço é de 1 a 4. A pessoa consegue respirar tranquilamente e conversar normalmente – ou até mesmo cantar uma música – enquanto se movimenta;

– Moderada: exige mais esforço físico, faz o indivíduo respirar mais rápido que o normal e aumenta moderadamente os batimentos do coração. Numa escala de 0 a 10, a percepção de esforço é 5 e 6. A pessoa consegue conversar com dificuldade enquanto se movimenta e não vai conseguir cantar.

E sempre é importante passar por uma avaliação com médico para verificar a saúde como um todo e possíveis pontos de atenção ortopédicos. Os treinos também devem ser prescritos por profissional de educação física, levando em conta as características e o condicionamento da criança e do adolescente.

Seu filho está com dor após o esporte?

Em caso de dores leves, observe os sinais inflamatórios como calor, vermelhidão e edema (inchaço). Se estiverem presentes, vale a pena procurar um médico para fazer o diagnóstico correto, assim como nos casos de dores moderadas e fortes acompanhadas de claudicação, perda de função ou qualquer deformidade

Dor do crescimento

A dor do crescimento é um termo bastante discutido na medicina, pois muitos não acreditam nessa nomenclatura, que é um diagnóstico diferencial de outras doenças. Mas a dor do crescimento afeta de 25% a 40% das crianças que estão na fase de desenvolvimento.

Geralmente ocorre durante dois períodos: na primeira infância, entre três e cinco anos, e mais tarde, entre oito e 12 anos. Mas associa-se também aos estirões, momentos em que a criança aumenta alguns centímetros subitamente.

Excesso de atividade física para crianças

Trabalhos já comprovaram que o crescimento ósseo não causa dor. Portanto, as dores podem ser apenas desconforto dos excessos de saltos, pulos e corridas que as crianças ativas praticam; e por isso, as atividades físicas devem ser sempre supervisionadas por um profissional de educação física.

As dores podem acontecer depois que uma criança teve um dia particularmente atlético ou sobrecarregou aquela região que não estava preparada para tal esforço. Por exemplo: a final de um campeonato ou uma prova de corrida que fez um esforço além do esperado.

Temos poucas evidências se há relação com encurtamento de partes moles, já que bailarinas e ginastas também tem essas dores e são muito flexíveis.

Devemos rever os fatores causais e corrigi-los.

Quando procurar um médico? Estes sinais devem ser verificados e analisados pelo médico:

1. Dor de longa duração ou dor de manhã (acorda com dor);

2. Dor associada a uma lesão;

3. Inchaço ou vermelhidão intensa numa determinada área ou articulação;

4. Febre;

5. Comportamento incomum;

6. Mancar ou não conseguir apoiar a perna ou o pé;

7. Erupções cutâneas incomuns;

8. Perda de apetite, fraqueza e cansaço.

Mesmo que as dores de crescimento não estejam relacionadas com doenças, podem chatear as crianças (e os pais). Porque as dores geralmente somem na parte da manhã, e os pais às vezes pensam que a criança fingiu. Se isso acontecer, o ideal é oferecer apoio e garantia de que as dores vão passar conforme as crianças crescem.

Lembrando sempre de oferecer muito amor e compreensão e de evitar os excessos.

Demonstre seu amor e cuidado incentivando a atividade física para as crianças. Ele vai te agradecer, com saúde no futuro.

Por: Ana Paula Simões – São Paulo

Fonte: Ana Paula Simões, Médica mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2021/10/03/atividade-fisica-para-criancas-deve-ser-leve-a-moderada.ghtml

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