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Vitamina D em excesso faz mal? Veja como não passar do ponto

Médica endocrinologista explica os riscos tanto da deficiência quanto de níveis muito altos do hormônio

A vitamina D é um hormônio de grande importância para a saúde e que afeta diversas condições médicas, físicas e psíquicas. Entretanto, muita gente toma as cápsulas de vitamina D por conta própria. Dados da Associação de Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac) apontam que a venda deste suplemento praticamente dobrou entre 2019 e 2022. Isto pode ser um problema? Pode fazer mal para a saúde quando em excesso?

Vitamina D em excesso faz mal?

A suplementação de vitamina D deve ser feita com acompanhamento médico, mas pode ser importante para regularizar os níveis de testosterona – (Foto:Reprodução/Internet)

Para responder a esta e outras questões sobre o tema, a reportagem do EU Atleta conversou com a endocrinologista Lorena Lima Amato. Ela falou sobre as propriedades desta vitamina, suas taxas ideais no nosso organismo, os riscos de sua falta ou excesso e os casos nos quais é, de fato, necessário suplementá-la.

Lorena aponta que a vitamina D em excesso pode sim fazer mal. Considerando que uma de suas principais funções é a absorção do cálcio ingerido na nossa dieta, a sua presença exagerada pode causar uma sobrecarga deste mineral no sangue e levar renais e em outros órgãos do corpo.

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– As consequências do excesso de cálcio no sangue podem ser várias, como o depósito de cálcio em alguns tecidos e órgãos, o aumento da chance de nefrolitíase, que é pedra nos rins, e levar até a alterações no eletrocardiograma, se muito exagerado. É claro que isto seria um contexto bem exagerado, mas pode acontecer – ela aponta.

Além disso, uma superdosagem, que leve os níveis para acima de 100 ng/mL (nanogramas por mililitro no sangue) pode causar náuseas, vômitos, fraqueza, anorexi a, desidratação e insuficiência renal.

E a deficiência de vitamina D?

Falta de vitamina D também perigosa, principalmente para os ossos — Foto: Istock Getty Images

A médica lembra ainda que a falta da vitamina D também é um problema, já que a sua presença está intimamente ligada à saúde óssea e muscular.

Sintomas e consequências da deficiência da vitamina D:

– Perda da densidade mineral óssea, que leva à osteopenia e à osteoporose;

– Maior risco de quedas em idosos;

– Fraqueza muscular;

– Enfraquecimento das unhas e dos cabelos;

– Transtornos de humor, como depressão;

– Resistência à insulina e predisposição à diabetes;

– Enfraquecimento do sistema imunológico.

– A vitamina D está relacionada principalmente à saúde óssea e muscular. Se você não tem vitamina D, o cálcio que você ingere na dieta não é absorvido adequadamente. Como a gente tem que manter os níveis de cálcio no sangue normais, o corpo aumenta um hormônio chamado paratohormônio, que tira o cálcio do osso e coloca na corrente sanguínea. Isso diminui a quantidade de cálcio nos ossos e a consequência é osteopenia, osteomalácia e osteoporose. Também está relacionada ao bom funcionamento muscular. Então, a fraqueza muscular, o risco de quedas, cãibras, tudo está relacionado à deficiência de vitamina D – explica Lorena.

Quais são os níveis ideais de vitamina D?

(Foto:Reprodução/Internet)

Cerca de 90% da vitamina D presente no organismo é sintetizada no corpo pela pele após a exposição solar, sendo 10% obtidas pela alimentação. No entanto, nem sempre essas fontes são suficientes para que se alcance os níveis ideais, e nesse momento é indicada a suplementação. Mas quais seriam os níveis ideais?

Lorena destaca os parâmetros normalmente estabelecidos, mas ressalta que todos os casos devem ser individualizados de acordo com o paciente. Há ainda alguns estudos apontam benefícios osteomusculares a partir de 50 ng/mL, mas ainda são conclusões preliminares.

– Menos de 10 ng/mL – Níveis muito baixos, com risco aumentado de perda óssea, osteoporose, raqutismo e sarcopenia;

– De 10 a 19 ng/mL – Níveis baixos, com risco de perda óssea;

– De 20 a 30 ng/mL – Níveis ideais para a população geral;

– De 30 ng/mL a 60 ng/mL – Níveis adequados para populações de risco, como idosos e gestantes e pessoas como osteomalácia, raquitismos, osteoporose, hiperparatireoidismo secundário, doenças inflamatórias, doenças autoimunes e renal crônica e pré-bariátricos;

– Acima de 100 ng/mL – Há risco de hipercalcemia e intoxicação, podendo causar náusea, vômitos, fraqueza, anorexia, desidratação e insuficiência renal, além da formação de pedras nos rins.

– A gente sabe que pessoas que têm um fator de risco para uma baixa densidade mineral óssea, como pessoas com osteoporose, não podem ter a vitamina D abaixo de 30ng/mL. Existem alguns estudos tentando correlacionar os níveis maiores que 50ng/mL com melhor performance muscular e melhor saúde óssea, mas atualmente a gente considera de 20 a 30ng/mL para a população em geral e acima de 30ng/mL para as populações de risco. E isto sempre tem que ser particularizado.

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Quando se deve suplementar?

A suplementação é mais indicada nos casos em que já há a deficiência detectada em exames de sangue, mas só quem pode indicá-la é o médico responsável. Lorena destaca ainda que, nestes casos, não existe dose-padrão: a quantidade varia de indivíduo para indivíduo de acordo com seus níveis de vitamina D, idade e a existência de comorbidades como fatores de risco. Algumas recomendações de saúde pública apontam entre 500u a 2.000u diárias para doses de manutenção, caso a pessoa já tenha a vitamina D em quantidades adequadas. Já a chamada dose de ataque, voltada para quem está com o nutriente abaixo do desejado, só o médico poderá indicar tendo em vista as particularidades de cada um.

Por fim, a endocrinologista aponta que a vitamina D suplementada por via oral não possui qualquer diferença com a que é produzida pelo corpo a partir do banho de sol. Sem qualquer prejuízo de qualidade pela versão encapsulada, ela entende que as duas se distinguem principalmente em relação aos riscos de exposição excessiva ao sol, sobretudo quando há a necessidade de maiores doses do nutriente.

– Também há um envelhecimento da pele, que é quem produz essa vitamina D quando a gente se expõe ao sol. Então, com a idade, que é o momento que a gente mais precisa de vitamina D por causa do risco de queda e de osteoporose, a nossa pele também não está produzindo vitamina D adequadamente quando exposta ao sol. Além dos riscos de exposição descontrolada, como câncer de pele e o próprio envelhecimento dela. Como teriam que ser pelo menos 15 minutos todos os dias com uma grande área de pele exposta ao sol (braços, coxas, tronco), seria bem difícil a gente manter e fazer essa recomendação de reposição somente com a exposição ao sol. Então, o ideal é que se faça a reposição quando indicada por um médico – explica.

Por: Matheus Wenna, para o EU Atleta — Rio de Janeiro

Fonte: Lorena Lima Amato é médica endocrinologista formada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e com residências em Clínica Médica (UNIFESP) e Endocrinologia (HC/USP). Possui Título de Especialista em Endocrinologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM) e em Endocrinopediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Atuou como médica endocrinologista da Força Aérea Brasileira de 2014 a 2018. Atualmente, é médica endocrinologista do Amato – Instituto de Medicina Avançada – e membro da SBEM e da Endocrino Society.

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/reportagem/2023/06/29/vitamina-d-em-excesso-faz-mal-veja-como-nao-passar-do-ponto.ghtml

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