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Seis xícaras de café por dia: esse é o número mágico para aumentar a sua longevidade

Quantos cafezinhos posso tomar? Com moderação, a bebida faz muito bem para a saúde

Café da manhã com um cafezinho coado, um expresso após o almoço ou um carioca no fim da tarde. O cafezinho faz parte da vida do brasileiro. Tanto que uma pesquisa divulgada no ano passado pela Euromonitor International revelou que o café é a bebida não alcoólica mais consumida no Brasil. Outra, encomendada pela Jacobs Douwe Egberts (JDE), empresa detentora das marcas Pilão e L’OR, em parceria com a Aocubo Pesquisa, revelou que ele está presente em 98% dos lares brasileiros, e que cada brasileiro consome, em média, de três a quatro xícaras diárias. Já o Instituto Brasileiro do Café mostra que, no país, são consumidos mais de 80 litros por pessoa ao ano. No resto do mundo, não é muito diferente.

Café é bom para a saúde, isso já é consenso. Principalmente por causa de seu composto principal, a cafeína, mas não só, já que é também rico em minerais, açúcares, gorduras, aminoácidos e uma vitamina do complexo B (vitamina PP). Mas como tudo em excesso começa a ter efeito contrário, estudos são frequentemente feitos para avaliar os benefícios e contraindicações da bebida e especialmente avaliar os limites para seu consumo diário. A boa notícia é: se você está dentro da média brasileira de três a quatro xícaras, não precisa se preocupar. Pode até beber mais uma ou duas, se quiser. Mesmo que não concordem com um número certinho, pesquisas recentes apontam que até seis xícaras diárias vão fazer mais bem do que mal e colaborarão para o aumento da sua longevidade.

Benefícios

O cardiologista Fabio Tuche, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e doutor em Ciências pela Uerj, afirma que o consumo moderado de café pode ser incluído na dieta da maioria das pessoas e proporcionar benefícios para a saúde.

– Resultados de estudos científicos com grandes populações em diferentes países revelam uma associação do consumo da bebida com a redução da mortalidade cardiovascular, quando comparado ao hábito de não tomar café. O consumo moderado de café está ainda associado a um aumento da disposição e diminuição da sonolência – explica Tuche.

A nutricionista Luna Azevedo, com especialização em Ortomolecular e Fitoterapia pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), lembra que a cafeína também estimula o sistema normal de vigília, aumenta a atenção, a concentração e a memória, melhorando a atividade intelectual normal. Uma ação importante da cafeína é o estímulo à diurese, devido – entre outros mecanismos – ao aumento de glomérulos em funcionamento e do fluxo sanguíneo renal.

– O café é rico em antioxidantes e outras substâncias biologicamente ativas. É uma planta única, com minerais, açúcares, gorduras, aminoácidos e uma vitamina do complexo B (vitamina PP). Mas ele também possui ação estimulante da secreção ácida e da pepsina no estômago, o que leva à contraindicação do seu consumo por portadores de úlcera ou gastrite – alerta a nutricionista.

Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), especialista em emagrecimento, atividade física e medicina do esporte, o endocrinologista Francisco Tostes ressalta que alguns estudos já mostraram que o café também reduz a absorção da glicose que ingerimos. Além disso, a cafeína aumenta a taxa metabólica, acelera o metabolismo e pode ajudar no sistema de contração e relaxamento dos vasos, que pode ser importante para a irrigação sanguínea dos tecidos e órgãos e também no controle da pressão arterial e doenças neurodegenerativas, devido ao seu poder antioxidante.

– Além de cafeína, o café contém bastante quantidade de magnésio, potássio e niacina, que são minerais e vitaminas. Ele que pode reduzir a percepção de fadiga e melhorar a nossa concentração e é uma fonte riquíssima de antioxidantes, cuja função básica é de proteger as células do nosso organismo – enumera.

Listamos abaixo alguns benefícios do café apontados por pesquisas ao longo desta década:

1 Reduz a mortalidade cardiovascular e a incidência de doenças cardíacas e problemas do sistema nervoso;

2 Diminui a depressão e o risco de suicídios;

3 Aumenta a disposição e diminuição da sonolência. No caso de atletas, reduz a percepção de esforço e a fadiga;

4 Estimula o sistema normal de vigília, aumentando a atenção, a concentração e a memória, melhorando a atividade intelectual normal;

5 É rico em antioxidantes, que protegem as células contra a ação dos radicais livres e, consequentemente, previnem problemas de saúde ligados ao envelhecimento;

6 Aumenta a secreção das Beta-endorfinas, que possuem propriedades analgésicas;

7 É relacionado à prevenção de doenças como diabetes, câncer, Alzheimer, Parkinson e problemas no fígado;

8 Tem efeito termogênico, já que possui substâncias como a cafeína, que aumentam a temperatura corporal ao estimular os sistemas cardiovascular, respiratório e nervoso central.

Um estudo da Universidade da Austrália do Sul feito com 347,077 adultos 37 e 73 aos e divulgado em junho deste ano determinou que até seis xícaras diárias, há um aumento na longevidade de cada indivíduo, mas são o limite máximo antes de a situação se inverter e a bebida começar a oferecer riscos para a saúde. Até essa quantidade, cada xícara reduz a possibilidade de doenças cardiovasculares. Acima dela, haveria uma inversão total, podendo resultar num aumento de 22% no risco de doenças cardiovasculares, como arritmias cardíacas e parada cardíaca (especialmente quando em associação com suplementos e bebidas energéticas com alta concentração de cafeína), transtornos psiquiátricos do humor (ansiedade e/ou depressão) e câncer de ovário. Em altas doses, o café pode causar palpitações, aumento da pressão, sintomas gástricos, como dor e queimação no estômago, e até alucinações.

Entretanto, outra pesquisa, financiada pela Fundação Britânica do Coração, do Reino Unido, apresenta resultados que afirmam que mesmo os indivíduos que bebem até 25 xícaras de café por dia não correm mais riscos do que aqueles que tomam apenas uma. Apesar dos resultados, os pesquisadores do Reino Unido recomendam que as pessoas evitem ingerir café nessa quantidade, a fim de bloquear também outras consequências negativas, como a perda do sono. Moderação é sempre bem-vinda. Podemos, portanto, voltar às seis xícaras.

Dose certa

Para o cardiologista Fabio Tuche, o limite de consumo de cada pessoa é individual, pois depende, por exemplo, da tolerância aos efeitos de seus componentes, tais como a cafeína. Uma ingestão diária moderada, no entanto, estaria em torno de 500 ml até um litro de café filtrado. No caso do expresso, vale a metade dessa quantidade.

Luna relativiza a quantidade, mas sugere estudos que comprovam a ocorrência de consequências negativas à saúde com o consumo de mais de seis xícaras por dia. A nutricionista lembra que a ANVISA recomenda uma ingestão diária de até 400 mg de cafeína (aproximadamente 5,7 mg/kg). Essa quantidade não causaria preocupação com a segurança para adultos saudável, exceto mulheres grávidas. Nesse caso, o limite máximo de cafeína é de 200 mg diários. Lembrando que a cafeína é também encontrada em refrigerantes como Coca-Cola, chá preto e bebidas energéticas.

O endocrinologista Tostes destaca que algumas pesquisas indicam que o consumo acima de 300 mg por dia pode causar sintomas como insônia, irritabilidade e palpitação. A quantidade ideal, entretanto, vai depender da concentração em que a pessoa toma o café.

– Por exemplo, o expresso médio tem até 150 miligramas de cafeína. Então, nesses casos, não se aconselha o consumo de muitas xícaras por dia. No café filtrado, a quantidade de copinhos ou xícaras pode ser um pouco maior. A quantidade individual vai depender também da forma como a pessoa metaboliza a cafeína. Também é importante não consumir muito tarde, pois pode afetar o sono. Caso esses sintomas apareçam, reduzir o consumo diário é o mais indicado – recomendou o endocrinologista.

Riscos de se consumir café em altas doses:

1 Doenças cardiovasculares, como arritmias cardíacas e parada cardíaca (especialmente quando em associação com suplementos e bebidas energéticas com alta concentração de cafeína);

2 Transtornos psiquiátricos do humor (ansiedade e/ou depressão);

3 Câncer de ovário;

4 Aumento da pressão;

5 Sintomas gástricos, como dor e queimação no estômago.

Luna lembra ainda que o café não é recomendado para crianças e gestantes e deve ser consumido com cautela por idosos.

No esporte

Para quem pratica exercícios, o consumo de café antes do treino pode ajudar na performance. No último encontro anual da Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva, realizado mês passado nos Estados Unidos, estudos demonstraram um efeito positivo do café sobre o metabolismo energético, o que resulta em aumento do gasto calórico, diminuição dos níveis de lipídeos no sangue e melhora da tolerância à glicose. Não só por causa da cafeína, mas por conta de sua combinação com outros componentes da bebida, como o ácido clorogênico.

– A propriedade ergogênica da cafeína em retardar a fadiga está baseada no aumento da produção de catecolaminas plasmáticas provocado após a sua ingestão, o que poderia permitir que o organismo se adaptasse ao estresse causado pelo exercício físico – explica a Luna Azevedo.

Mas Fabio Tuche sinaliza que os estudos sobre esse benefício ainda são incertos. Segundo o cardiologista, talvez a maior vantagem seja o efeito analgésico da cafeína, que diminui as dores relacionadas aos exercícios.

Por: Rebeca Letieri, para o Eu Atleta — Rio de Janeiro

Fonte: Fabio Tuche,cardiologista membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e doutor em Ciências pela Uerj

Luna Azevedo,nutricionista com especialização em Ortomolecular e Fitoterapia pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran)

Francisco Tostes, endocrinologista

Fabio Tuche,cardiologista

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/seis-xicaras-de-cafe-por-dia-esse-e-o-numero-magico-para-aumentar-a-sua-longevidade.ghtml

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