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Estudo revela que “efeito sanfona” está relacionado com diabetes e maior risco cardiovascular

Pesquisa que durou 16 anos concluiu que a redução do peso corporal de forma repetida com ganho de peso posterior é potencialmente prejudicial para a saúde

Todos sabemos que manter uma composição corporal equilibrada é um dos pilares da saúde e da longevidade. No entanto, grandes oscilações do peso durante a vida podem ter consequências para a saúde. É o que mostra novo estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology e Metabolism, onde redução do peso corporal de forma repetida com ganho de peso posterior (efeito sanfona) é potencialmente prejudicial para a saúde.

Estudos anteriores já demostraram que a ciclagem no peso corporal parece induzir maior inflamação tecidual e resistência à insulina do que um estado consistentemente obeso. Além disso, a flutuação do peso corporal foi relacionado à pior distribuição da gordura corporal com predomínio da gordura visceral o que aumenta a atividade inflamatória do organismo.

Portanto, a flutuação do peso corporal deve ser avaliada como um fator clínico importante para doenças crônicas. Em geral, é fácil avaliar o grau de obesidade com o índice de massa corporal (IMC) mas esse cálculo é potencialmente falho. O percentual de gordura é atualmente uma ferramenta de extremo valor na avaliação e na evolução de um indivíduo.

Observou-se que a flutuação do peso corporal (ciclagem de peso) está associada a maior mortalidade e eventos cardiovasculares em pacientes com doença arterial coronariana. No entanto, existem dados muito limitados sobre a relação entre a flutuação do peso corporal e os resultados relacionados à saúde na população em geral.

Nesse estudo de 16 anos feito com 3.678 participantes a flutuação do peso corporal foi associada ao risco de desenvolver diabetes mellitus e eventos cardiovasculares. As flutuações intraindividuais do peso corporal foram calculadas pela variabilidade média sucessiva (ASV). Os participantes com um alto ASV de peso corporal eram mais obesos e tinham níveis mais elevados de pressão arterial e HbA1c (hemoglobina glicada) no início do que aqueles com um baixo ASV de peso corporal.

Fato que aumentando-se a atividade física e o exercício físico pós tratamentos para perda de peso ou pós dietas poderia impedir a flutuação do peso corporal, portanto, manter o peso corporal após a redução do peso corporal pode refletir o nível da aderência do individuo ao treinamento físico e na diminuição do risco de desenvolver diabetes ou doenças cardiovasculares.

Outro dado preocupante é que muitas pessoas realizam tratamentos para emagrecimento sem orientação médica ou nutricional. Isso de fato, além do prejuízo do reganho de peso, está associado com a sarcopenia (perda de massa muscular) e diminuição da taxa metabólica basal o que favorece ainda mais o reganho de peso e o efeito sanfona. Tratamento para perda de peso e mudança da composição corporal é com o especialista.

Referências:

1) Oh TJ, et al “Body-Weight Fluctuation and Incident Diabetes Mellitus, Cardiovascular Disease, and Mortality: A 16-Year Prospective Cohort Study” J Clin Endocrin Metab Volume 2019; 104(3): 639-646.

Por: Guilherme Renke — Rio de Janeiro


Fonte: Médico pela Universidade Estácio de Sá, com pós-graduação em Cardiologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia INCL RJ e Endocrinologia pela IPEMED. Membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Membro do American College of Sports Medicine, Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Membro do Departamento de Ergometria e Reabilitação da SBC.

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/post/2019/02/28/estudo-revela-que-efeito-sanfona-esta-relacionado-com-diabetes-e-maior-risco-cardiovascular.ghtml

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