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É verdade que criança pode ter “cecê”?

O cheirinho ruim nas axilas de quem ainda não chegou à puberdade chama bromidrose e deve ser investigado por pediatra ou dermatologista

Tem cheiro mais gostoso do que o de nossas filhas e de nossos filhos? Cheirar a cabeça, os pés, as mãos, os corpinhos e as roupinhas dos pequenos tem até o poder de nos dar uma energia extra no dia a dia, além de criar a memória olfativa deste vínculo tão lindo.

Quando toda essa magia é interrompida por um cheirinho ruim e azedo, muitos pais ficam assustados. Afinal, não se espera que o “cecê” apareça antes da puberdade. Mas é isso mesmo: algumas crianças desenvolvem bromidrose – o nome correto desta condição.

Para entender por que isso acontece, conversamos com Ana Cristina Opolski, dermatologista do Hospital IPO; Juliana Toma, médica dermatologista; e Loretta Campos, pediatra e consultora de aleitamento materno e de sono infantil. Respire fundo e vamos lá!

Suor não tem cheiro

O relato mais comum dos adultos que percebem o famigerado “cecê” das crianças é relacionado à atividade física infantil: normalmente, o cheirinho é percebido em dias de aulas de educação física na escola ou de atividades intensas em casa. Esse pode ser o sinal, mas não a justificativa. As especialistas explicam, de forma unânime, que transpiração não tem odor.

“É apenas quando o suor se mistura com bactérias na pele que um cheiro ruim pode surgir”, esclarece Juliana. “Geralmente, é autolimitado ou facilmente controlado. No entanto, às vezes, torna-se mais crônico, difícil de controlar e pode afetar a qualidade de vida da pessoa”, prossegue, contando também que a bromidose independe de sexo e etnia.

Atenção à limpeza das axilas e das roupas

A hiperidrose pode colaborar para esse quadro – trata-se do aumento do suor para manter a temperatura do corpo, especialmente durante e depois de exercícios físicos. Loretta explica que, aliada aos hábitos de higiene da criança, a condição pode fazer com que apareça o “cecê”.

Sem julgamentos aqui: pode ser apenas que, na pressa, não esteja sendo feita a limpeza necessária das axilas. Ou, ainda, que a criança tome banho sozinha e não lave as axilas apropriadamente.

O estado das roupas no momento do uso pode ser colocado no mesmo grupo de atenção no que se refere a “cecê” infantil. A pediatra conta que camisetas já contaminadas por bactérias (via de regra, as que estavam com suor, foram tiradas, receberam interação de bactérias e acabaram reusadas) fazem surgir ou agravam o mau odor nas axilas das crianças.

Estes casos são simples de resolver:

– Avalie a rotina de higienização – tanto da pele da criança quanto de suas roupas.

– Banhos diários, com sabonete adequado indicado por médico, e atenção especial às axilas.

– Todas as camisetas devem ser lavadas após um uso, evitando assim o reuso das peças.

Alimentação x “cecê”

Há ocasiões em que o mau cheiro das axilas vem de dentro para fora, sem haver necessariamente a interação de transpiração com bactérias. É no prato que está a chave desses quadros. “A ingestão de alguns alimentos, como alho, curry e cebola, pode interferir”, afirma Ana Cristina.

“Cecê” pode ser sinal de puberdade precoce?
Sim, pode, e isso deve ser investigado se as situações anteriores não se aplicarem à criança em questão. A avaliação dos hormônios por um pediatra ou endocrinologista pediátrico é essencial para determinar se é este o caso.

Alguns sinais simultâneos podem dar a pista, como o nascimento de pelos pubianos ou nas axilas. Ana Cristina destaca que os indícios de puberdade não são esperados antes dos 8 anos nas meninas e antes dos 9 anos nos meninos.

Outras doenças e condições relacionadas ao “cecê” infantil.

As especialistas ouvidas mencionaram também que algumas doenças e condições de saúde podem estar relacionadas ao surgimento da bromidrose.

É importante deixar claro que o “cecê” não é um sintoma delas, apenas algo que pode ter ligação e facilitar a compreensão de mães e pais que já saibam que as crianças são portadoras de fenilcetonúria (uma doença muito rara detectada no teste do pezinho) ou diabetes, por exemplo.

Criança com “cecê” pode usar desodorante?

Pode, desde que seja indicado por um médico especialista (pediatra ou dermatologista) e desenvolvido especificamente para a pele infantil. Os desodorantes para crianças são hipoalergênicos, sem fragrância e sem álcool.

Vale o teste: que tal tirar esses ingredientes mais fortes das receitas por um tempo para ver se o “cecê” da criança desaparece?

Por: Raquel Drehmer

Fonte: Ana Cristina Opolski, dermatologista do Hospital IPO

Juliana Toma, médica dermatologista; e Loretta Campos, pediatra e consultora de aleitamento materno e de sono infantil. Respire fundo e vamos lá!

Transcrito: https://bebe.abril.com.br/saude/e-verdade-que-crianca-pode-ter-cece/

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