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A poluição que afeta nossos hormônios

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há cerca de 800 poluentes ambientais suspeitos de desregular o sistema hormonal de humanos. Entre estes compostos estão o bisfenol A (BPA), a dioxina, a atrazina e vários ftalatos (BBP, DEHP, DOP e DBP) encontrados em diversos produtos de consumo.

Durante a XXXIV Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), que começa nesta segunda-feira, dia 09 de setembro e vai até o dia 13, a pesquisadora Maria Tereza Nunes, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP), relatará a sua experiência como integrante de um Comitê Científico e Consultivo europeu, que determina quais são os riscos reais de poluentes ambientais na desregulação de hormônios tireoidianos em humanos.

O Comitê é formado pelo projeto ERGO (EndocRine Guideline Optimisation) e o objetivo é identificar quais são as substâncias que atuam como disruptores deste hormônio, assim como avaliar objetivamente qual o grau de risco que elas apresentam.

“A União Europeia está extremamente preocupada com essa questão, e engajada em conter a expansão dos disruptores endócrinos que afetam o meio ambiente impactando a saúde, perpetuação das espécies e, portanto, a vida no planeta”, explica Nunes. “Participam deste projeto 16 organizações da área acadêmica, industrial, órgãos reguladores e empresas relacionadas à transferência e disseminação de conhecimento científico. Quanto ao comitê científico e consultivo do qual faço parte, há 10 participantes (5 da academia e 5 de órgãos reguladores: OECD, US EPA, ECHA e European Comission)”.

Durante o congresso da FeSBE, Nunes apontará quais são os principais resultados do projeto, assim como os desdobramentos políticos que já estão ocorrendo na União Europeia. “Está sendo discutida a existência de uma política que impõe objetivos bem contundentes com relação ao tema, o que está sendo reforçado pela indicação da nova presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, que, nos seus cem primeiros dias de mandato, já propõe um pacto verde para a Europa de zerar as emissões de poluentes”. Em abril de 2019, o parlamento europeu adotou uma resolução que exige maior ação da União Europeia para conter o problema. A pesquisadora também traçará um paralelo com a situação do Brasil, comentando sobre as expectativas e as perspectivas para os próximos anos nesse tema.

Por Rachel Lopes

Fonte: Maria Tereza Nunes,pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP)

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