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6 cuidados para não transformar o consumo de chá em algo perigoso

No Brasil, o consumo de ervas medicinais já está enraizado no cotidiano, herança das culturas quilombolas, indígenas e ribeirinhas, que possuem um rico conhecimento sobre a flora do país. Seja pelo baixo custo, seja pela força dessas tradições, as infusões com ervas se tornaram uma prática corriqueira, a ponto de se tornarem um risco em potencial.

Quando utilizadas sem conhecimento da espécie da planta, sem controle da dose e de forma constante, podem causar inflamações no organismo, especialmente nos órgãos do sistema digestivo. Assim, sintomas como mal-estar, enjoo, vômito e diarreia podem aparecer.

“A gente tem venenos naturais, né? Então ser natural não é justificativa para consumir indiscriminadamente, ou sequer pra consumir”, afirma Michelle Jacob, nutricionista e professora da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

Quando essas plantas são buscadas para fins terapêuticos, ou seja, para o tratamento de algum sintoma, o perigo se torna mais evidente. Isso porque, ao usar uma erva, não se usa apenas o princípio ativo procurado, mas todos os elementos que estão contidos nela.


Foto: Reprodução/shutterstock

Em um fitoterápico manipulado ou medicamento, sabe-se exatamente qual a dose do princípio ativo e o quanto aquele remédio vai fazer efeito para aquele paciente. Mas o uso de infusões e cápsulas para fins de tratamento sem indicação de um profissional da saúde pode acarretar em uma sobredose ou alguma lesão no organismo.

Há também casos em que apenas uma dose de uma planta ingerida de maneira errada pode lesionar fígado e rins, órgãos essenciais para a eliminação de substâncias tóxicas do organismo. “O problema é que muitas das hepatotoxicidades não são sintomáticas. O fígado está lá inflamado, sofrendo, mas a pessoa não sabe”, explica Carolina Pimentel, hepatologista e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)

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Tomar ou não tomar?

É importante diferenciar o uso pontual de chás e infusões daquele com fim terapêutico. “Não é que existe uma contraindicação pra uma determinada pessoa. Na verdade, não existe a recomendação de ninguém usar nenhum tipo de chá com fim terapêutico”, afirma Pimentel. Para ela, por mais conservadora que pareça essa afirmação, apenas reforça o respeito pelo uso de ervas medicinais e pela potência de seus resultados. “Isso não é uma frase de uma médica que não acredita em ervas medicinais, é o contrário: uma frase de uma médica que sabe que elas funcionam”, explica.

Mas o uso terapêutico é diferente do consumo de ervas com baixo potencial toxicológico, como camomila, hortelã e erva-cidreira, por exemplo. Plantas como carqueja ou quebra-pedra, no entanto, podem ser perigosas.

A seguir, veja alguns hábitos que devem ser evitados para que o seu consumo de chás e ervas seja saudável e sem riscos.

1. uso com Cuidado com fins terapêuticos


Foto: Reprodução/Internet

Se a ideia é utilizar como tratamento, é preciso passar por uma avaliação médica. O profissional saberá julgar qual a indicação mais adequada de fitoterápico, se for o caso. Os fitoterápicos também têm como base medicamentos, que passaram por um processamento que isola o princípio ativo na quantidade adequada e elimina impurezas. Profissionais da saúde indicarão a dose correta a ser tomada.

2. Evite uso como substituição de água

Beber uma infusão de ervas deve ser uma prática pontual: você toma uma xícara e acaba. Não se deve tomar chás o dia todo —seja de uma erva só ou variando—, porque a bebida não substitui a ingestão de água. “Você não se hidrata com chá, até porque muitos dos chás são diuréticos, ou seja, eles fazem aumentar a quantidade de urina liberada e acabam desidratando”, explica Pimentel.

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3. Não beba chá para emagrecer

O emagrecimento com saúde não acontece à base de chás ou cápsulas de ervas. “A gente tem um detox natural, não tem nada disso de ‘toma esse suquinho ou chá que ele é detox’. Quem faz o seu detox são seus rins e seu fígado. Só que se você consome uma quantidade muito grande de uma substância que pode ser tóxica, os órgãos não dão conta de filtrar”, explica Juliana de Paula-Souza, engenheira agrônoma, botânica e professora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)

Assim como nos casos em que as ervas são buscadas com fins terapêuticos, as pessoas que procuram chás e cápsulas para emagrecer devem, na verdade, procurar acompanhamento profissional de um nutricionista ou médico.

4. Cuidado com os “superalimentos”

Alguns alimentos se tornam populares pelas promessas que trazem, e acabam ganhando o nome de “superalimentos”. É o caso do hibisco, da cúrcuma, da maca peruana e de outras substâncias vendidas tanto para infusões quanto em cápsulas. Para Jacob, do ponto de vista nutricional, privilegiar o consumo de um único alimento vai contra a diversidade que uma alimentação saudável deve seguir.

Como a maior referência e orientação sobre alimentação saudável, o Guia Alimentar faz um alerta sobre os “superalimentos”. De acordo com o documento, eles induzem a modismos e podem levar à depreciação de alimentos e práticas alimentares tradicionais. Além disso, muitas vezes o foco está em estimular o consumo e o resultado pode ser uma fraude. “Tem aqueles que são comercializados com promessas milagrosas, com ligações terapêuticas como a cura do câncer, tratamento diabético, de doenças cardiovasculares. Muitas vezes quem faz essas promessas está querendo vender, sem ter nenhuma base científica para isso”, afirma Jacob.

É importante também relembrar que a ingestão excessiva de uma infusão ou de infusões variadas pode sobrecarregar a função dos rins e do fígado, que filtram substâncias tóxicas no organismo.

5. Não beba ervas sem saber sua procedência

Foto: Reprodução/Internet

Tudo que se compra e não há um controle de qualidade se torna um risco, pois pode haver contaminantes. Ao comprar ervas na feira ou em supermercados, é importante observar se estão higienizadas. Para Paula-Souza, o pensamento deve ser o mesmo que se usa ao preparar uma salada: limpar sempre. A fervura não deve ser um fator em consideração para higienização, pois o indicado é que as ervas não fiquem tanto tempo em altas temperaturas.

Outro ponto é a confiabilidade do local em que se compra. Se as ervas estão secas, pode ser que outros compostos estejam misturados às folhas, como galhos, apenas para fazer volume no pacote. Por este motivo, Paula-Souza explica que há empresas que buscam certificação do que vendem. Através do DNA da erva seca, é possível comparar com o material da espécie de verdade, garantindo que o que está ali pode ser consumido. Quando isso acontece, muitas vezes a certificação está identificada no rótulo.

Além disso, os sachês para infusão passam por um controle de qualidade da indústria alimentícia. E as ervas encontradas nesses pacotes são, comumente, aquelas com baixa toxicidade, como camomila e erva cidreira.

Também não é indicado que um indivíduo utilize ervas que encontrou pelo caminho, pois podem colher a espécie errada. Nesses casos, o ideal seria ter uma pequena horta em casa.

6. Não ferva as ervas por muito tempo

As infusões devem ser preparadas com água quente, mas não mantendo a erva na fervura por muito tempo. Isso permite aproveitar integralmente as propriedades da planta. Também deve-se evitar que a bebida permaneça da chaleira, jarra ou copo prolongadamente: isso faz com que tenha uma concentração muito maior dos compostos químicos e o líquido também pode se tornar uma fonte de contaminação com microrganismos como fungos e bactérias.

Para facilitar o consumo de chás e ervas sem riscos para a sua saúde, Jacob recomenda que as pessoas busquem aprender sobre o uso de plantas alimentícias. Ela indica dois perfis confiáveis na internet para acompanhar: o da também nutricionista Neide Rigo, que mantinha o blog Come-se, com conteúdos sobre PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), inclusive para produção de infusões e chás; e o perfil de Guilherme Raniere, do Matos de Comer.

Por: Bárbara Paro Giovani

Colaboração para o VivaBem

Fonte: Michelle Jacob, nutricionista e professora da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

Carolina Pimentel, hepatologista e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)

Juliana de Paula-Souza, engenheira agrônoma, botânica e professora da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)

Neide Rigo, nutricionista que mantinha o blog Come-se, com conteúdos sobre PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), inclusive para produção de infusões e chás; e o perfil de Guilherme Raniere, do Matos de Comer

Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/04/20/6-coisas-que-podem-transformar-o-consumo-de-cha-em-algo-perigoso.htm

 

 

 

 

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