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cãibras, Dores, tonturas: evite 7 problemas que podem ocorrer no pós-treino

Exercícios físicos são responsáveis por muitos benefícios para a nossa saúde e prevenção de doenças como diabetes, infarto, AVC, osteoporose, obesidade. Porém, algumas vezes, o treinamento pode desencadear alguns desconfortos.

A seguir, explico por que sete deles acontecem e o que pode ser feito para evitar esses problemas.

Tonturas

Por que acontecem? Pode ocorrer por uma mudança simples de posição do corpo —quando você está deitado fazendo um abdominal e se levanta, por exemplo—, interferindo na sua pressão arterial e levando a tonturas e/ou desmaios. O problema geralmente ocorre devido ao acúmulo de sangue nas extremidades inferiores do corpo, por causa da gravidade. Isso compromete o retorno do sangue, diminui o débito cardíaco e provoca a diminuição da pressão arterial.

Durante o treino, isso geralmente acontece quando há uma mudança rápida na posição do corpo; dificuldade no exercício ou parada repentina da atividade física. Dentre os fatores que podem causar a tontura também estão a desidratação, síndrome da taquicardia ortostática postural (POTS) e episódios recentes gripais, vômitos, diarreias ou febre. Saiba também que algumas condições médicas podem impedir seu corpo de responder com rapidez suficiente para bombear mais sangue quando em pé (exemplo: problemas cardíacos, endócrinos e distúrbios do sistema nervoso)

Como prevenir? Mantenha os exames em dia —mesmo que agora não seja obrigatório o exame médico para início dos exercícios na academia, é essencial esse monitoramento—; evite prender a respiração durante exercícios com grande carga; mantenha-se hidratado durante seu dia a dia (e antes, durante e após o treino); sempre realize o aquecimento para que seu corpo entenda que iniciará um exercício; realize o desaquecimento ao fim do treno para não parar o exercício abruptamente; e use monitores de frequência cardíaca. Caso o problema persista ou venha acompanhado de outros sintomas, procure um médico.

Espasmos musculares

Por que acontecem? Sabe quando você pega pesado no treino e depois os músculos ficam tremendo involuntariamente? Na maioria das vezes, é natural que isso ocorra, não sendo nada muito preocupante. Porém, devemos ficar atentos por quanto tempo esses tremores persistem, pois eles podem ser sinal de que algo não vai bem. As fibras musculares trabalham o dia inteiro auxiliando na movimentação do nosso corpo. Estudos sugerem que diversos fatores podem fazer com que os músculos começam a tremer durante o exercício, como fadiga, desidratação, posições isométricas, hipoglicemia ou até mesmo pela alta ingestão de cafeína.

Como prevenir? Aumente a duração ou intensidade do seu treino aos poucos; se alimente adequadamente e de forma saudável antes e após o treino; evite ou reduza a quantidade de cafeína (café, bebidas esportivas e suplementos) que consome antes do treino; realize, sempre, o aquecimento e a volta à calma; e não se esqueça da hidratação (aumente a ingestão de líquidos se você fizer exercícios ao ar livre em climas quentes ou se fizer exercícios intensos). Se sentir dor ou estiver com tonturas ou náuseas, suspenda o treino. Fique atento com os espasmos e, se eles estiverem comprometendo seu desempenho no dia a dia, procure um médico.

Náusea

Por que acontece? A boa notícia para nós, simples mortais, é que até o argentino Leonel Messi, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, já teve crises de vômito em campo. Sim, sintomas de náusea relacionados ao exercício intenso são um efeito colateral bastante comum. Algumas das causas podem estar relacionadas a iniciar ou encerrar o treino abruptamente, ingerir alimentos pesados e/ou muita água antes do treino e realizar exercícios em temperaturas muito elevadas. O tipo/intensidade de treino também pode levar a sintomas de náusea.

Como prevenir? Aqueça-se bem antes do treinamento, para preparar o seu organismo para o estímulo que está por vir. Da mesma forma, não pare o exercício abruptamente, desacelerando aos poucos. Evite ingerir nos 60 minutos antes do treino alimentos ricos em gordura e proteínas, que podem levar mais tempo para serem digeridos do que os alimentos fontes de carboidratos e fibras. Hidrate-se adequadamente, mas cuidado para não exagerar. Ingerir muita água de uma vez ou mais do que é necessário pode levar à diluição dos eletrólitos, causando o processo de hiponatremia, que leva a baixa concentração de sódio no sangue, podendo causar náuseas. Evite exercícios em temperaturas muito elevadas.

Dor muscular

Por que acontece? A dor muscular tardia é comum, tanto para atletas de elite quanto para pessoas “comuns”. Ela pode surgir no dia seguinte após o treinamento, tendo um pico geralmente após 48 horas e com tendência à diminuição após 72 horas da realização do exercício. Essa dorzinha é chata, mas permite que você realize normalmente suas atividades e movimentos.

Mas, pasmem, há momentos em que ela pode permanecer por mais de três dias e durar até uma semana após o treinamento. Os sintomas comuns são dor ao apalpar o músculo, diminuição na flexibilidade e na produção de força muscular, com aquela sensação de que que você rende menos. Se ela aumentar com o tempo, impossibilitando alguma movimentação, pode ser uma lesão, por isso, procure um médico ou fisioterapeuta para te auxiliar.

Como prevenir e tratar? Alimente-se adequadamente, vá aos poucos aumentando a intensidade e carga do treino; aqueça-se bem e desaqueça; e realize técnicas de recuperação, como massagem e crioterapia. Não adianta forçar seu organismo, respeite o treino passado pelo seu professor e foque no tempo de readaptação do seu corpo. De forma geral, de 48 a 72 horas após a atividade física, seu músculo já está pronto para voltar a treinar.

Cãibras

Por que acontecem? As cãibras musculares têm várias causas. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Cape Town (África do Sul), há algumas teorias do que pode causar o problema, como calor, desidratação e depleção de eletrólitos /desequilíbrio eletrolítico, problemas circulatórios, controle neuromuscular alterado, condições médicas associadas a cãibras (por exemplo, a artrose)

Como prevenir? Respeite seu corpo: aqueça-se bem antes dos exercícios; não se exercite logo após comer, principalmente alimentos pesados; reduza a ingestão de alimentos e bebidas que contenham cafeína, como café e chocolate; hidrate-se e invista na reposição de eletrólitos (presentes nos isotônicos); aumente sua ingestão de cálcio, potássio, magnésio, zinco e as vitaminas B, D e E (inclua frutas e verduras na dieta, estes alimentos são ricos em vitaminas e sais minerais); converse com seu médico ou nutricionista sobre tomar um suplemento vitamínico para garantir que seu corpo receba o suprimento necessário de nutrientes e minerais.

Dor de cabeça

Por que acontece? Uma dor de cabeça por esforço pode ser desencadeada por algum tipo de atividade física, por um treino exaustivo, sendo natural esses relatos em treinos muitos intensos ou longos ou que exigem força extrema.

A dor pode aparecer durante ou após o treino. O relato dessa dor por esforço é uma dor pulsante nos dois lados da cabeça, que pode durar de alguns minutos a alguns dias. As dores de cabeça por esforço podem ser primárias ou secundárias. Dores de cabeça por esforço consideradas primárias ocorrem por razões desconhecidas, mas os pesquisadores acreditam que o problema possa estar relacionado ao estreitamento dos vasos sanguíneos que ocorre quando você se exercita.

Já as dores de cabeça por esforço secundárias são igualmente desencadeadas pela atividade física, mas essa resposta é devido a uma condição subjacente, isto é, que pode variar de uma simples infecção sinusal a problemas mais sérios que deverão ser investigados. As dores de cabeça secundárias causadas por esforço geralmente vêm com outros sintomas, como vômito, congestionamento, rigidez do pescoço e até problemas de visão, que podem até ser confundidos com enxaquecas induzidas por exercícios.

Como prevenir? Ingira líquidos antes e durante o exercício; o aquecimento antes do exercício pode ajudar a prevenir dores de cabeça causadas pelo esforço; se tem dores constantes, tente reduzir a intensidade do treino; procure ajude médica para avaliar se é necessário tratamento medicamentoso.

Dor lateral no abdômen durante a corrida

Por que acontece? Apesar de a ocorrência do desconforto ser extremamente comum, a causa da dor abdominal transitória relacionada ao exercício (DTRE) não está totalmente esclarecida, pois nenhum pesquisador chegou a um só motivo que possa provocá-la. Dentre as causas estão cãibra no diafragma, por conta de uma isquemia; distensão do tecido que sustenta o fígado, causando uma sensação dolorosa do lado direito quando corremos; fluxo muito grande dos vasos sanguíneos do baço —que têm a função de armazenar o sangue, o que acaba gerando um desconforto do lado esquerdo do abdômen—; irritação no peritônio; respiração pela boca, que faz com que ocorra a entrada de muito ar no estômago liberando o ácido gástrico e causando uma sensação de queimação; a postura curvada, que faz com que ocorra uma pressão no diafragma, causando também a falta de oxigenação e levando à sensação de pontadas e dores. Além disso, pessoas sedentárias ou com pouco condicionamento podem sofrer com essa dor, por conta da dificuldade de transportar oxigênio.

Como prevenir? Normalmente, a causa da dor lateral é simples e, com o ganho de condicionamento físico, ritmo respiratório e postura, o problema costuma ser amenizado ou até mesmo desaparecer.

Evite alimentos gordurosos e suco de frutas ante da corrida; realize o fortalecimento do core; preste atenção na postura durante o exercício; e realize um bom aquecimento. Durante a corrida, encontre seu ritmo, respire com calma e, se for preciso, puxe e solte o ar pela boca e nariz, se houver desconforto respire fundo. Por fim, reponha os eletrólitos e se hidrate bem.

*Todas as referências bibliográficas estão nos links dos tópicos, que levam para o texto completo sobre o assunto

Por: Paola Machado

Paola Machado é formada em educação física, mestre em ciências da saúde (foco em fisiologia do exercício e imunologia) e doutora em ciências da saúde (foco em fisiopatologia da obesidade e fisiologia da nutrição) pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Atualmente, atua como pesquisadora, desenvolvendo trabalhos científicos sobre exercícios, nutrição e saúde. CREF: 080213-G | SP

Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/paola-machado/2021/05/26/efeitos-secundarios-que-podem-ocorrer-apos-um-treino.htm

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