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Vitamina D: estudo atesta benefícios e critica níveis de referência

Em novo estudo, pesquisadores brasileiros discordam de valores de referência atuais. Deficiência de vitamina D tem correlação com aumento do risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares

A deficiência de vitamina D é um problema de saúde global e tem sido objeto de estudos por suas possíveis funções na saúde cardiovascular, além da redução do estresse oxidativo. “Vitamina D” é um nome genérico, usado para designar um grupo de compostos lipossolúveis que possuem as características fisiológicas de um hormônio – por isso, é popularmente chamada também de “hormônio D”.

Sabe-se que a vitamina D tem papel importante no metabolismo ósseo e do cálcio. Entretanto, estudos mais recentes também correlacionaram sua deficiência com aumento do risco de diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares.

Nos seres humanos, a exposição ao sol é responsável por cerca de 90-95% do suprimento de vitamina D, por meio da ação dos raios ultravioleta B. A faixa de horário de 10h às 16h tem grande incidência dos raios UVB, que também está relacionado ao aumento de risco de câncer de pele. Por isso, costuma ser um período em que as pessoas utilizam filtro solar, impedindo a produção de vitamina D na epiderme. Além disso, a eficácia da produção de vitamina D no nosso corpo também depende de fatores genéticos, composição corporal, atividade física e pigmentação da pele.

Exercícios corrida sol vitamina D — Foto: Reprodução/Internet

O valor de referência laboratorial mínimo de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D], 20 ng/mL, não é atingido por 65% da população idosa mundial e a deficiência está presente mesmo em indivíduos mais jovens. Evidências demonstram que uma baixa concentração de 25(OH)D é considerada um fator de risco para doenças crônicas e também está relacionada à mortalidade por todas as causas. Assim, espera-se um aumento da morbimortalidade por doenças associadas à deficiência de vitamina D nos próximos anos.

De acordo com um consenso, há uma correlação negativa entre os níveis de vitamina D e a obesidade. Existem duas possíveis explicações para essa relação:

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– Pessoas obesas tendem a passar menos tempo expostas ao sol devido ao seu estilo de vida sedentário;

– A redução da biodisponibilidade da vitamina D pode estar relacionada ao aumento do armazenamento de vitamina D no tecido adiposo.

Assim, a “epidemia” da obesidade pode estar contribuindo para a alta prevalência de insuficiência (25(OH)D < 30 ng/mL) e deficiência (25(OH)D < 20 ng/mL) de vitamina D, segundo critérios estabelecidos pela pela Endocrine Society. Esta também afirma que adultos obesos requerem de duas a três vezes mais vitamina D do que adultos eutróficos.

Foto: Reprodução/Internet

A suplementação de vitamina D mostrou uma redução de 10% no risco de progressão para DM 2 em indivíduos com sobrepeso com pré-diabetes. No entanto, esse efeito foi menor do que o produzido pelo uso de hipoglicemiantes orais ou modificações no estilo de vida. Ainda, estudos observacionais e prospectivos demonstram uma correlação entre hipovitaminose D, aumento dos níveis de marcadores de estresse oxidativo, maior risco de hipertensão arterial e espessamento significativo da íntima carótida comum – um indicador de disfunção cardiovascular.

“A vitamina D também parece ter importante efeito imunomodulador devido à sua influência nas células do sistema imunológico, reduzindo mediadores inflamatórios sistêmicos e favorecendo a liberação de citocinas anti-inflamatórias”, diz a média Raphaela Paes, uma das pesquisadoras do estudo.

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Em resumo, a vitamina D deve ser considerada como uma terapia adjuvante no tratamento de doenças inflamatórias e/ou cardiometabólicas. No entanto, o efeito da reposição ainda é pouco investigado. As evidências atuais não permitem estimar os reais benefícios e duração do tratamento, tal como as dosagens. Novos estudos já recomendam valores séricos entre 50 e 100 ng/mL, porém, a avaliação e reposição devem ser personalizadas para atender certos grupos e suas individualidades.

É importante lembrar que a suplementação deve ser feita com supervisão médica adequada, já que o excesso de vitamina D pode aumentar o nível de cálcio no sangue e causar sobrecarga renal, especialmente para aqueles que têm condições médicas preexistentes. Por isso, é fundamental consultar sempre um médico especialista e não fazer auto-suplementação.

Referência:
Renke G, Starling-Soares B, Baesso T, Petronio R, Aguiar D, Paes R. Effects of Vitamin D on Cardiovascular Risk and Oxidative Stress. Nutrients. 2023 Feb 2;15(3):769. doi: 10.3390/nu15030769. PMID: 36771474; PMCID: PMC9920542.

Por: Guilherme Renke – Rio de Janeiro

Fonte: Guilherme Ren ke, Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2023/04/06/vitamina-d-estudo-atesta-beneficios-e-critica-niveis-de-referencia.ghtml

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