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Obesidade: causas da doença vão muito além de comer demais

Celebrado a partir deste ano em 4 de março, Dia Mundial da Obesidade pretende mudar a narrativa em relação ao problema. Entenda e veja orientações e dicas de médicos

4 de março, é o novo Dia Mundial da Obesidade. Até o ano passado, em algumas partes do mundo, incluindo no Brasil, a data era celebrada em 11 de outubro. A partir de 2020, o dia dedicado ao combate e à conscientização sobre a obesidade será unificado em todo o globo, incluindo países da Europa, por exemplo. A campanha e a conjunção de esforços das organizações internacionais têm como objetivo mudar a narrativa sobre a doença. Muitas vezes erroneamente tratada como irresponsabilidade, preguiça ou falta de força de vontade do indivíduo para comer menos e se movimentar mais, a obesidade é uma doença crônica. Esse é um dos aspectos que as entidades envolvidas nessa campanha mundial querem destacar. Obesidade tem raízes e causas mais profundas, podendo ser desencadeada por fatores genéticos, psicológicos, socioculturais e até econômicos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 2 bilhões de adultos estão acima do peso. Dentre essa parcela, 650 milhões são considerados obesos, quando o Índice de Massa Corporal (IMC) é igual ou superior a 30 kg/m². No Brasil, segundo a última pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, o número de obesos aumentou 67,8% entre 2006 e 2018, passando de 11,8% para 19,8% da população. Ainda segundo números do Ministério da Saúde, 12,9% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos são obesas. Estimativas baseadas nos números divulgados pela OMS dão conta de que se seguirem progredindo como atualmente até 2025, serão 2,7 bilhões de adultos acima do peso e 1 bilhão de obesos, dos quais 177 mil serão severamente afetados por esse mal. Por isso, as entidades envolvidas na promoção do Dia Mundial da Obesidade, incluindo no Brasil, querem mudar a abordagem da doença, conscientizando sobre suas causas e tratamento e rompendo com o preconceito e a falta de empatia com quem sofre com esse problema.

Obesidade está associada a fatores como genética e alterações hormonais, e não a preguiça ou irresponsabilidade do indivíduo obeso — Foto:  Internet

– Principais raízes da obesidade

– Herança genética;

– Desequilíbrio entre ingestão calórica e gasto de energia;

Dieta de baixa qualidade, baseada no consumo de alimentos hipercalóricos e ricos em gorduras, açúcar e carboidrato. É o caso dos produtos ultraprocessados, que muitas vezes apresentam custo reduzido, quando comparados a alimentos in natura, como frutas, legumes e verduras;

– Alterações hormonais;

– Comer fora de hora ou sem fome;

– Sedentarismo.

Presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Mario Kedhi Carra comenta que a decisão de unificar o Dia Mundial da Obesidade visa aumentar a atenção global para o tema. Datas para conscientização sobre câncer de mama, diabetes e hipertensão já despertam a preocupação da população. Contudo, o endocrinologista destaca a necessidade de atentar igualmente para a obesidade, que, ademais, é fator de risco para todas essas outras doenças. Segundo o médico, nessa mudança de narrativa, é essencial reconhecer que a obesidade é uma doença endocrinológica que envolve muitos fatores e, como outros problemas crônicos, não tem cura, apenas controle.

– Não há uma causa só. Uma das principais é a urbanização do homem, que começou a mudar a atividade física das pessoas, que passaram a andar e se movimentar menos. Junto a isso veio a industrialização alimentar também. A vida ficou mais complexa e as pessoas passaram a se alimentar menos em casa para ganhar mais tempo para produzirem mais. Essa mudança do hábito não aconteceu em um intervalo curto de tempo e vem se acentuando. A obesidade cresce, mas é uma doença menosprezada – analisa o endocrinologista.

A médica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP) Andressa Heimbecher endossa que as raízes desse problema são muito profundas. Ao falar sobre obesidade, a médica compara a doença a um grande quebra-cabeça. Uma dieta ruim, rica em alimentos ultraprocessados e em calorias, e as comodidades do dia a dia, que estimulam os indivíduos a se movimentarem menos e gastarem menos energia, são alguns dos fatores importantes. Mas outras peças fazem parte desse jogo.

– Há também a tendência genética. Pesquisas indicam que polimorfismos, que são pequenas alterações no DNA, deixam as pessoas mais suscetíveis à obesidade. Indivíduos com mutação no gene FTO não têm tanta saciedade quando comem. Essa mutação está presente em 1/4 das pessoas do planeta. Mas além da genética, do sedentarismo e do consumo de alimentos hipercalóricos, estuda-se cada vez mais a microbiota intestinal e os micro-organismos que favorecem o ganho de peso. Uma alimentação rica em gordura saturada e produtos industrializados seleciona bactérias que vão se adaptar a viver nesse ambiente, liberando substâncias que estimulam a comer mais esses alimentos errados – discorre Heimbecher.

Doutora em Pediatria pela Universidade de São Paulo (USP), Denise Lellis também faz o paralelo entre obesidade e quebra-cabeça. Porém, ainda não se sabe precisamente quantas peças há nesse jogo e, a cada ano, novos fragmentos são descobertos. Quando se trata da ocorrência desse mal entre o público infantil, a pediatra da Liga de Obesidade Infantil da Faculdade de Medicina da USP comenta que já é conhecido que a saúde da mulher durante a gestação tem o poder de programar metabolismo do bebê. No entanto, atualmente, é reconhecido também o papel do pai no momento da concepção. Se o homem está menos obeso ou se alimenta bem, por exemplo, pode definir se a saúde da criança será melhor.

No entanto, as influências parentais vão além da genética. Lellis afirma que a amamentação, por exemplo, pode prevenir a obesidade em 22%, enquanto o aleitamento por mamadeira pode favorecer esse quadro. A forma como é feita a introdução alimentar é outro fator. Os pais precisam entender e ensinar os sinais de fome e saciedade. Nesse processo, jamais se deve forçar os filhos a comerem quando já estão satisfeitos ou recorrer aos eletrônicos como a TV para ajudar a distraí-los para que comam mais. Pais que proíbem a criança de comer tudo ou aqueles que são permissivos demais, dando tudo o que os pequenos pedem, também contribuem para o risco de obesidade. Mas a pediatra frisa que não se pode culpá-los. É preciso considerar todas as influências sobre a criança, que inclui os ambientes em que está inserida, como a escola, e a exposição à televisão e outras mídias.

– Cerca de 50% do nosso estado nutricional é definido geneticamente. Dessa forma, a criança nasce com 50% de chance de melhorar a sua alimentação. Mas ela tem zero autonomia sobre o que será oferecido. Quando a criança pede um refrigerante, a decisão de dar é nossa. É preciso ter o cuidado de não culpar os pais, que são vítimas da mesma influência. Os pais passam o dia longe dos filhos e não querem negar o que eles pedem. Mas não se pode compensar a ausência com alimentos hiperpalatáveis e ultraprocessados. Esses alimentos são ricos em sal e sabores e as pessoas comem não porque estão com fome, mas porque ativam a região cerebral do prazer – explica Lellis.

O papel dos hormônios

É verdade que a relação entre ingestão calórica e gasto energético influencia muito no sobrepeso e na obesidade. A endocrinologista comenta que o equilíbrio nessa equação é a base do tratamento da doença. No entanto, a avaliação médica do paciente obeso envolve também exames que verifiquem eventuais alterações hormonais, como hipotireoidismo, e situações como a entrada da menopausa, que aumenta as chances de a mulher ter o seu peso aumentado.

Acontece que, quando a pessoa está obesa, há um comprometimento da função do hormônio da saciedade. Andressa Heimbecher explica que enquanto a grelina, que é produzida pelo estômago, antecipa a fome, a leptina, liberada pelas células de gordura, é responsável pela sensação de satisfação e, portanto, indica que é o momento de parar de comer. Indivíduos com obesidade apresentam resistência a esse hormônio. O hipotálamo, região do cérebro responsável pelo controle da alimentação e fome, entre outras funções, não consegue reconhecer o sinal de saciedade enviado pelas células de gordura.

– Quanto mais células de gorduras, mais leptina a pessoa tem. Ela deveria receber um sinal e parar de comer, mas o cérebro se torna resistente e insensível a esse hormônio, não conseguindo fazer a leitura correta da quantidade de gordura no organismo. Por isso, as pessoas obesas têm dificuldade de saber quando é a hora de parar de comer – explica a médica endocrinologista da SBEM-SP.

De tal forma, o comprometimento da eficiência da leptina é mais um dos argumentos contra a ideia de que indivíduos obesos não têm força de vontade para mudar o seu quadro. Sair dessa situação é muito difícil. Heimbecher comenta que o enfrentamento da resistência a esse hormônio começa por uma dieta menos inflamatória, ou seja, que evite alimentos com alto teor de gordura, associada à prática de atividades físicas. O objetivo é reduzir esse comprometimento da função leptina para promover o emagrecimento. Contudo, a médica endocrinologista lembra que, ao mesmo tempo em que a pessoa precisa reduzir a gordura corporal, que favorece processos inflamatórios no corpo, incluindo no hipotálamo, seu cérebro entende o emagrecimento como uma agressão.

– As alterações no cérebro perpetuam esse excesso de peso. O que se sabe é que, conforme a inflamação do hipotálamo aumenta, mais difícil é perder peso. Um dos inflamadores é a dieta ruim, rica em gorduras saturadas, presentes alimentos de origem animal, frituras e industrializados em geral. É um círculo vicioso – afirma Heimbecher, lembrando que o paciente obeso também apresenta resistência à insulina, que está relacionada a quadros de diabetes e gordura no fígado.

Alimentos que favorecem os processos inflamatórios no organismo também estão associados ao que se chama de comer emocional. A endocrinologista da SBEM-SP explica que o cérebro reconhece algumas comidas como sendo naturalmente recompensadoras. São os alimentos hiperpalatáveis, que, além do alto teor de gordura, contam ainda com ingredientes como açúcar, conservantes e realçadores de sabor. Em momentos de emoção a pessoa procura conforto nessas opções, que proporcionam uma sensação de bem-estar para o cérebro. Afinal, como destaca Heimbecher, a busca pela comida não envolve apenas a necessidade de saciar a fome. O ato de comer também está associado a aspectos sociais e emocionais e pode ser desencadeado por estímulos visuais e olfativos.

– Esses alimentos hiperpalatáveis liberam neurotransmissores como a serotonina e a dopamina. Com isso, nosso cérebro faz uma busca por recompensa. Como já reconhece o alimento recompensador, toda vez que a pessoa estiver cansada, por exemplo, buscará esse alimento – completa a endocrinologista, acrescentando que, em alguns casos, o paciente pode precisar de acompanhamento de psicólogo.

O presidente da Abeso pondera que mudar o padrão alimentar de uma pessoa é algo difícil. Na tentativa de ver o peso reduzir, os indivíduos optam por métodos não muito saudáveis. No caso de pessoas obesas, Mario Kedhi Carra defende uma abordagem mais abrangente que inclua o uso de medicamentos, uma vez que sua produção hormonal é diferente e a sensação de saciedade é comprometida.

– O mais importante de tudo é lembrar sempre que a obesidade não tem cura porque existe algo que a gente chama de memória metabólica. Todas as alterações metabólicas que se teve na vida vão lembrar que o seu peso ideal era aquele máximo e que é para lá que se deve voltar. É como se o corpo estivesse acostumado com o excesso de peso e teria que voltar a recuperá-lo porque entende que seria uma defesa da saúde. Mas essa é uma defesa ruim – reforça o médico.

É preciso empatia com pessoa obesa, que, dado o seu sofrimento, aposta em medidas perigosas para tentar emagrecer — Foto: Internet

Mudança de narrativa

Carra, que é professor no hospital das clínicas da Faculdade de Medicina da USP, observa que o paciente obeso é muito maltratado pela sociedade e mesmo por parte dos profissionais de saúde. O endocrinologista diz que, erradamente, esses indivíduos são qualificados como displicentes. Considerando o estigma que há em torno de pessoas com obesidade, as preocupações com as comorbidades associadas à doença e a dificuldade para perder peso, muitos acabam apostando em qualquer promessa para reduzir os quilos na balança, medida que não surte resultados e aumenta o seu sofrimento.

– Não é para chamar pessoa com obesidade de gordo. Isso é algo extremamente desagradável. O obeso é muito maltratado, procura qualquer solução para controlar o peso dele e gasta muito dinheiro em coisas que não vão funcionar e que podem causar alterações na sua saúde. Mas não é assim que acontece o processo de emagrecimento – afirma o endocrinologista, destacando que há tratamento para esses quadros, porém devem ser prescritos por médicos sérios e preparados para tanto.

Essa abordagem negativa da doença não é restrita apenas aos adultos. Coordenadora do curso de Nutrologia Pediátrica para consultório do Centro de Apoio ao Ensino e Pesquisa em Pediatria (CAEPP), Denise Lellis argumenta que crianças obesas também são vítimas da falta de empatia. Elas são isoladas e alvo de preconceito. Por conta do sofrimento emocional ao qual são submetidas, meninos e meninas obesos tendem a comer mais e a descontar suas emoções nos alimentos. Por outro lado, quando forçadas a aderir a dietas restritivas ao mesmo tempo em que são expostas às opções que consideram gostosas, também convivem com essa angústia.

– A criança obesa passa por um sofrimento emocional por causa da visão errada que se tem da obesidade. As pessoas acham que é falta de força de vontade, força e foco. Mas não consideram os exemplos dos pais, se ela tem possibilidade de fazer exercícios, como foi a sua introdução alimentar, o parto que a mãe teve e a escola em que está inserida, por exemplo. Esses julgamentos fazem as crianças sofrerem – alerta a pediatra, acrescentando que o ambiente em que meninos e meninas do século XXI estão inseridos favorece não apenas a obesidade, como também quadros de ansiedade e depressão.

Quando se trata dos pequenos, é preciso uma narrativa de promoção de saúde que inclua todas as crianças, não apenas aquelas que estão obesas — Foto: Internet

De tal modo, segundo Lellis, deve-se trabalhar todos os ambientes em que crianças obesas estão inseridas para que adotem o mesmo discurso. Não dá para terem restrição em casa e serem expostos a alimentos hipercalóricos na escola. Além disso, é preciso ter empatia e entender que trata-se apenas de um menino ou uma menina, que não tem capacidade de conceber aspectos relacionados à doença não compreendidos até mesmo pelos adultos, como as comorbidades decorrentes desse mal, como infarto, câncer e diabetes. Por fim, quando se considera o público infantil, é preciso adotar uma narrativa de promoção de saúde, em vez de combate à obesidade.

– Criança que dorme menos tem mais chance de obesidade, pois tem mais tempo para comer e menos disposição para gastar energia. A privação sono de sono também causa alterações hormonais que levam ela a comer mais. Mas é preciso uma narrativa de promoção de saúde para a infância, recomendando exercícios, redução do estresse, alimentação saudável e sono de qualidade para todos. As crianças que estão em um estado de saúde bom hoje podem ficar obesas no futuro, pois só se fala sobre isso com aquelas que estão acima do peso – constata a pediatra.

Orientações

Como qualquer doença crônica, obesidade requer tratamento, e não dietas que não consideram o padrão alimentar do indivíduo obeso — Foto: Internet

A seguir, enfatizamos alguns dos aspectos que, conforme os médicos, precisam mudar na narrativa da doença.

– Não há soluções milagrosas para o emagrecimento. Isso inclui tanto as dietas da moda como fórmulas e remédios sem comprovação científica que prometem reduzir os quilos a mais. Tratamento da obesidade tem como base uma dieta que considere o padrão alimentar individual, corrija comportamentos ruins e reduza as calorias ingeridas e atividades físicas que aumentem a quantidade de músculos e acelerem o metabolismo e o gasto de energia. O uso de medicamentos deve ser feito somente por recomendação de médicos especializados para tratar a doença, como endocrinologistas, com base na situação de cada indivíduo. Muitas vezes, o enfrentamento desse mal demanda ainda lidar com outros quadros, como depressão e ansiedade, e por isso requer abordagem multidisciplinar;

– Obesidade é uma doença crônica. Não há cura, mas controle. Esse entendimento deve ser difundido entre a comunidade médica e a população. Mesmo que perca peso, uma pessoa obesa pode voltar a recuperá-lo no futuro, se a doença não estiver controlada;

– É preciso aprender a ler os rótulos dos alimentos para conhecer os seus componentes e valor calórico. Essa medida passa por políticas públicas, que incluem desde a educação para o tema à disponibilização de informações nas embalagens dos produtos industrializados;

– Deve-se ter empatia com a pessoa obesa. Quem está acima do peso sofre, seja pelas limitações impostas por essa situação ou pelo estigma social, e precisa de um tratamento acolhedor e da compreensão e do respeito da sociedade.

O tratamento da obesidade deve ser individualizado e prescrito por médico conforme a situação individual. No entanto, qualquer pessoa pode adotar um estilo de vida mais saudável, que evite armadilhas que podem levar ao ganho de peso. Confira as dicas dos médicos endocrinologistas consultados pelo EU Atleta.

1. Além dos exercícios físicos, incorpore também aquelas atividades não programadas ao seu dia a dia. Ou seja, adote um estilo de vida fisicamente ativo. Em vez de usar elevador, em alguma oportunidade, opte pela escada. O ideal seria subir e descer pelo menos três lances diariamente. Procure ainda fazer uma caminhada de 30 minutos ou ao menos dar nove mil passos por dia. É possível queimar até 200 calorias diárias com essas práticas;

2. Fique alerta ao se deparar com informações, mensagens e notícias sobre remédios milagrosos que prometem perda de peso. Verifique sempre a fonte. Mas também busque se informar em veículos de mídia sérios ou sites de entidades médicas de confiança para não cair em fake news ou propaganda de produtos que podem prejudicar a sua saúde;

3. Mantenha avaliações médicas regulares. Mas atente também para o seu corpo. Note por exemplo se o seu cansaço parece maior do que o habitual ou se apresentou quedas de rendimento no seu dia a dia. Nesses casos, converse com o seu médico;

4. Aprenda a identificar comportamentos que são mais danosos para o seu corpo. Não quer dizer que nunca mais você poderá comer um pedaço de pizza, por exemplo. O segredo está no equilíbrio. Ao comer uma pizza, opte por uma salada como acompanhamento e, no mesmo dia ou no seguinte, dê um reforço nas atividades físicas para queimar mais calorias;

5. Recorra a aplicativos que ajudem a manter a prática de atividades físicas, contar calorias consumidas diariamente, identificar o valor calórico dos alimentos ou mesmo lembrar que é hora de beber água. Tire proveito dessa boa conveniência que as novas tecnologias e a internet proporcionam;

6. Observe a recorrência dos seus padrões alimentares. Comer uma torta ou um pedaço de chocolate de vez em quando é normal. Mas se todo dia precisa desses alimentos para se sentir feliz é preciso ficar alerta. Esse é um sinal de que o seu cérebro demanda a busca de alimento conforto. Sendo assim, é preciso rever seus comportamentos, contando com o suporte de profissional de saúde, dependendo do caso;

7. Busque outras atividades que proporcionem satisfação para evitar o comer emocional. O prazer não pode ser alcançado somente com a alimentação. Se você já está alimentado e começa a ter uma sensação de fome ou vontade de comer, passeie com o seu cachorro, faça uma esteira ou assista a uma série bacana. Para evitar que o alimento seja o seu único recompensador, vale ainda apostar em um hobby, na prática de atividades físicas e até no contato interpessoal. Chame um amigo para uma caminhada ou passeio ao ar livre, por exemplo;

8. Ainda no que diz respeito ao apetite hedônico, como também é conhecida a fome emocional, procure ter alimentos saudáveis ao seu alcance. Em vez de um pacote de biscoitos ou bolacha ou uma barra de chocolate, prefira frutas bem doces, como maçã, banana e uva. Mudar de hábitos não acontece de uma hora para a outra e essas opções podem ser aliadas quando bate a vontade de comer mesmo já estando alimentado;

9. Não tenha vergonha de procurar ajuda médica se por acaso ganhar peso. Lembre-se de que quem engorda 20 quilos pode não ter alteração da saúde imediatamente, mas essa conta virá em algum momento. O médico ajudará no processo de emagrecimento, inclusive para estabelecer metas. Não adianta querer perder 25 quilos, se por acaso notou um aumento de 20 quilos. Do ponto de vista médico, perder sete, oito ou dez quilos, já será suficiente para melhorar a saúde e reduzir riscos de hipertensão arterial, diabetes e até câncer.

Para crianças

Envolver as crianças no preparo das refeições melhora a relação delas com os alimentos, contribuindo para evitar aqueles associados à obesidade — Foto: Internet

No caso da obesidade infantil, Denise Lellis compartilha orientações decorrentes de estudos e recomendadas por sociedades de pediatria para prevenir não apenas a obesidade, como também depressão e ansiedade. Confira as dicas da pediatra!

1. Nutrição: envolva a criança desde a escolha dos alimentos na feira e no supermercado até o preparo e realize refeições em família. Ao comprar os alimentos, vale o alerta de atentar para os rótulos. Quanto maior, pior o produto será para a saúde. Por isso, priorize aqueles in natura e não mantenha em casa os alimentos ultraprocessados ricos em sal, açúcar e gordura;

2. Exercício físico: além de dar o exemplo de se manter fisicamente ativo, torne essa atividade parte do dia a dia do seu filho. Essa é a melhor forma de fazê-lo se exercitar. Uma dica é escolher uma escola que valorize e ofereça a prática de esportes. Além disso, não proíba a criança de fazer exercícios em semanas de pro
vas, por exemplo. As atividades físicas também contribuem para reduzir o estresse, o que ajudará no desempenho do seu filho nos exames;

3. Manejo do estresse: a garotada também precisa de tempo livre. O excesso de atividades e telas estressa os pequenos. Reveja a rotina dos filhos para que não fiquem sobrecarregados. Em relação ao contato com celulares e tablets, por exemplo, jamais permita que crianças até dois anos tenham esse contato. De dois a seis anos, esse uso pode ser de uma hora por dia. A partir dessa idade, o limite é de duas horas diárias. É recomendável que esse tempo seja diluído ao longo do dia. Lembrando que os pais devem saber o que o filho assiste também, e não apenas atentar para a quantidade de horas que passa diante da tela;

4. Qualidade do sono: crianças precisam dormir entre oito e dez horas para ficarem mais saudáveis e reduzirem os riscos de obesidade. Porém, o excesso de telas e atividades também compromete o sono da garotada. Para garantir que seu filho dormirá o tempo que precisa e com qualidade, reduza os estímulos horas antes de ele ir para a cama. Crie um ritual de sono que envolva, primeiramente, desligar as telas. Procure ainda conversar ou ler uma história quando ele estiver deitado para dormir;

5. Relações interpessoais ou vida social: criança que fica isolada é mais estressada e tem mais risco de obesidade. Por isso, procure estimular as amizades saudáveis. Se o seu filho está acima do peso e tem amigos na escola, incentive essa convivência fora desse ambiente. Combine com os pais do coleguinha para que ele faça uma visita ou permita que o seu filho vá à casa dele. Essa experiência será muito positiva para ambas as crianças;

6. Ambiente: leve seu filho a locais para tomar sol, ter menos contato com poluição e se movimentar mais. Procure frequentar parques e praças em que ele possa ter esse contato com a natureza e se manter ativo, em vez de ficar sentado de frente para uma tela.

Por: Gabriela Bittencourt, para o EU Atleta — Aberystwyth, País de Gales

Fonte: Denise Lellis,Coordenadora do curso de Nutrologia Pediátrica para consultório do Centro de Apoio ao Ensino e Pesquisa em Pediatria (CAEPP)

Mario Kedhi Carra,professor no hospital das clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Andressa Heimbecher,médica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP)

Organização Mundial da Saúde (OMS)

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/noticia/obesidade-causas-da-doenca-vao-muito-alem-de-comer-demais.ghtml

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