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O que estará no prato do brasileiro em 2020?

Cientistas premiados apostam em tendências relacionadas a uma alimentação mais saudável, personalizada e sem desperdício

Todos os anos, a Fundação Péter Murányi premia iniciativas que visam melhorar algum aspecto da sociedade brasileira em certas áreas do conhecimento. O tema da próxima edição é a alimentação. Enquanto o projeto ganhador não sai, vencedores e finalistas de anos anteriores se reuniram para comentar aquilo que acreditam que será tendência na nutrição no Brasil em 2020.

Todos os palpites estão relacionados à busca por uma dieta mais saudável. Confira as apostas:

Menos carne na mesa

Para o bioquímico José Marcos Gontijo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que levou o Prêmio Péter Murányi de 2008, o vegetarianismo e o veganismo vão bombar no nosso país. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) dão um sinal disso.

De acordo com estudo realizado em abril de 2018, 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos atualmente — são aproximadamente 29,2 milhões de pessoas. Em 2011, quando o Ibope conduziu o primeiro levantamento do tipo, o número não passava de 9%.

 

Para Gontijo, a população tende a reduzir o consumo de proteína animal em geral, mesmo que não seja uma exclusão total. E há pesquisas indicando que essa atitude faria bem para a saúde.

“Há várias opções excelentes para veganos e vegetarianos, como as leguminosas de modo geral e os cereais”, afirma o bioquímico, em comunicado à imprensa. Ele cita, por exemplo, a quinua, o centeio, a aveia e o trigo sarraceno.

Mandioca como opção para dietas sem glúten

Os relatos de indivíduos diagnosticados com alguma alergia alimentar são cada vez mais comuns. Estima-se que ela afete cerca de 5% das crianças e 2% dos adultos em todo o mundo. E o glúten do trigo pode disparar essa reação em certos indivíduos.

Como substituir esse alimento? A engenheira agrônoma do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) Teresa Vale Losada, que venceu o prêmio em 2012, aposta em um tesouro brasileiro: a mandioca.

“É uma excelente fonte de energia para substituir cereais, como arroz, milho e trigo. A raiz e a farinha são ricas em fibras, alguns sais minerais e vitaminas”, afirma Teresa.

A especialista acredita que ainda há muito espaço a ser ocupado pela mandioca. O incentivo ao consumo nas escolas e instituições públicas e a criação de políticas que recuperem os hábitos tradicionais e saudáveis do Brasil seriam um bom começo para que o tubérculo chegue a mais mesas.

A onda dos orgânicos

O processo de cultivo e produção de um alimento está despertando mais atenção por aqui. É o que pensa o engenheiro agrônomo da Embrapa e finalista da edição de 2016, Marcos David Ferreira.

“A preocupação com a qualidade dos mantimentos estará em primeiro lugar. As pessoas estão mais interessadas em saber de onde as frutas e verduras vêm. Querem saber onde foram produzidos e se possuem resíduos de agrotóxicos”, exemplifica Ferreira.

Ele acha que esse cuidado impulsionará o mercado de orgânicos. Entretanto, o preço salgado desses alimentos dificulta sua popularização.

“A situação econômica vai influenciar o que as pessoas conseguem consumir. Mas a tendência é de que se busque cada vez mais esse tipo de produto”, conclui o pesquisador.

Para o futuro mais distante

Embora a tendência apontada pelo farmacêutico Franco Maria Lajolo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e ganhador do prêmio em 2016, não chegue em 2020, vale ficar de olho nela. “Um caminho que vem se desenhando é a nutrição personalizada”, afirma.

Esse conceito se baseia em ajustar o cardápio de acordo com particularidades do organismo de cada um, considerando inclusive o DNA. O método ainda está longe da prática clínica — desconfie de quem oferece testes genéticos para adequar a dieta ou a atividade física —, porém Lajolo aposta que isso pode mudar em cinco ou dez anos.

Por: Maria Tereza Santos

Fonte: José Marcos Gontijo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

Teresa Vale Losada, engenheira agrônoma do Instituto Agronômico de Campinas (IAC)

Franco Maria Lajolo,farmacêutico professor da Universidade de São Paulo (USP

Transcrito: https://saude.abril.com.br/alimentacao/o-que-estara-no-prato-do-brasileiro-em-2020/

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