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IMC não deve ser a principal referência de saúde: entenda

Médico Luis Fernando Correia comenta o movimento para que outras medidas de risco sejam usadas com o Índice de Massa Corporal, como circunferência da cintura, gordura visceral, composição corporal e fatores genéticos e metabólicos

O IMC reúne as letras que são, muitas vezes, as mais temidas do alfabeto. Primeiro porque estão automaticamente ligadas à obesidade, e são elas que dirão se uma pessoa terá acesso a um determinado tipo de medicamento e até à uma cirurgia para combater o problema. Por isso mesmo, um movimento mundial para desvincular o Índice de Massa Corporal como uma medida de risco de saúde individual está ganhando força. A American Medical Association (AMA) adotou uma nova política sobre o índice, observando limitações significativas associadas ao uso generalizado do IMC em ambientes clínicos.

Há 200 anos, Adolphe Quetelet definiu o “homem normal” em relação ao peso corporal, estabelecendo que o peso em quilogramas é proporcional ao quadrado da altura, chamado de índice de Quetelet. Em 1972, Ancel Keys propôs a classificação desse índice como uma estimativa da gordura corporal, denominando-o de índice de massa corporal (IMC). Atualmente, o IMC é utilizado como uma triagem para identificar a obesidade, onde valores abaixo de 18,5 indicam estar “abaixo do peso”, entre 18,5 e 24,9 é considerado “peso saudável”, entre 25 e 29,9 é classificado como “excesso de peso”, e acima de 30 indica obesidade (você pode calcular o seu IMC aqui).

Médicos querem desvincular o IMC como única medida de risco de saúde — (Foto:Reprodução/Internet)

Uma das preocupações que profissionais de saúde de todo o mundo têm levantado sobre o Índice de Massa Corporal (IMC) é com relação à sua base dados, coletada em a partir de populações brancas não hispânicas antigas e que não faz distinção entre massa corporal magra e gordura, bem como a ausência de consideração das diferenças entre grupos raciais, étnicos, sexos e faixas etárias.

De acordo com um relatório que apoia a mudança de política da AMA, as mulheres, por exemplo, tendem a ter mais gordura corporal do que os homens, e os asiáticos têm mais gordura corporal do que os brancos, diferenças ignoradas pelo cálculo do IMC. Além disso, grupos diferentes tendem a carregar gordura de maneira diferente: as mulheres negras tendem a carregar mais gordura corporal nos quadris e coxas em comparação com as mulheres brancas, onde a gordura está mais centralizada na cintura, aumentando o risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2.

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Assim, American Medical Association sugere que outras medidas de risco à saúde sejam usadas potencialmente junto com o IMC, como circunferência da cintura, medidas de gordura visceral, composição corporal e fatores genéticos e metabólicos.

Recentemente, as Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Sociedade Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) também levantaram a questão e propuseram uma nova classificação da obesidade baseada no peso máximo atingido em vida (MWAL – Maximum Weight Attained in Life). Nessa nova classificação, os pacientes são divididos em categorias de “obesidade reduzida” ou “obesidade controlada”, com base na proporção específica de peso perdido desde o início do tratamento.

(Foto:Reprodução/Internet)

– O objetivo é promover a conscientização sobre os benefícios clínicos alcançados com uma perda de peso mesmo que modesta, permitindo que tanto as pessoas com obesidade quanto os profissionais de saúde concentrem-se em estratégias para manter o peso ao invés de buscar uma redução maior – explica a endocrinologista Maria Edna de Melo, diretora do Departamento de Obesidade da SBEM e uma das autoras do estudo.

Maria Edna alerta ainda que quando os pacientes procuram tratamento eles têm em mente que precisam entrar na faixa de normalidade do IMC ou ficarem magras.

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– Isso geralmente é irreal, porque dificilmente uma pessoa que tem excesso de peso significativo vai conseguir normalizar o peso – comenta a especialista.

Por: – Washington, D.C.

Fonte: Luis Fernando Correia, Clínico e intensivista com certificado em Inovação pelo MIT, ex-chefe da emergência do Samaritano, o Doc hoje se dedica à divulgação de temas ligados à saúde

Transcrito:https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2023/06/21/imc-nao-deve-ser-a-principal-referencia-de-saude-entenda.ghtml

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