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Fazer exercícios reduz apetite e risco de comer em excesso

Dia Mundial da Atividade Física: sedentarismo aumenta em 12% a probabilidade de sair da dieta

É verdade que quando praticamos atividade física sentimos mais fome? Um estudo publicado no ano passado pela Drexel University, nos Estados Unidos, ajuda a clarear o assunto que tem sido discutido há pelo menos dez anos. Realizada por pesquisadores do Centro de Ciência em Peso, Apetite e Estilo de Vida (Well Center), a pesquisa sugere que a prática de atividade física na verdade ajuda na redução do apetite e no controle dos exageros. Foram acompanhados 130 participantes de um programa de perda de peso que tiveram sua rotina alimentar analisada em períodos distintos. De acordo com os resultados, quando não estavam ativos, o risco dos participantes de comerem em excesso chegava a 12%, enquanto nos períodos que a prática era incentivada, a probabilidade caía para 5%. Mais: cada dez minutos adicionais de atividades físicas implicavam em uma redução de 1% na possibilidade de fugir da dieta.

Quem faz exercício tende a ter uma preferência por alimentos mais saudáveis, menos calóricos e em menor quantidade — Foto Internet

– O estudo sugere que o exercício físico foi protetor contra o risco de excessos alimentares nas horas seguintes à prática de exercícios e que o efeito deles no comportamento alimentar pode depender da intensidade. Os efeitos protetores foram mais evidentes nos exercícios de intensidade leve, embora sejam necessárias mais pesquisas para apoiar essa descoberta – pondera Fábio Trujilho, médico endocrinologista e vice-presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

Na opinião de Trujilho, o ajuste calórico depende das necessidades alimentares de cada um, mas a regulação do apetite é muito mais complexa e sofre influência de vários sinalizadores hormonais que irão atuar no centro da fome.

– Ela também é influenciada pelo sistema de recompensa (hedônico) do próprio indivíduo e o exercício físico também está relacionado com uma sensação de bem-estar, o que leva muitas vezes o paciente que faz exercício a ter uma preferência por alimentos mais saudáveis, menos calóricos e em menor quantidade – afirma o endocrinologista.

E como evitar os boicotes à dieta?

Plano alimentar adequado a preferências e rotina ajuda a se manter no foco — Foto: Internet

Na opinião do nutricionista Antonio Lancha Jr,, a palavra “dieta” tem um peso de proibição desafiador, porque o consumo de alimentos “não permitidos”, pode gerar a compulsão. Ele afirma:

– A atividade física ajuda na medida que ela altera a sensibilidade de neurotransmissores que modulam a nossa fome e se torna uma potente aliada para diminuir a nossa vontade de consumir alimentos. Seja moderada a regular, a prática repetitiva é uma grande aliada para que as pessoas consigam aumentar a adesão a qualquer tipo de restrição calórica.

Trujilho avalia que as emoções, quando não são bem trabalhadas, podem interferir negativamente na adesão ao planejamento comportamental.

– O exercício, neste cenário, teria um papel importante já que muitas pesquisas mostram que a prática regular de atividades físicas tem um efeito positivo no controle da ansiedade – explica.

Para ele, os principais desafios em seguir a dieta incluem:

– Disciplina;

– Escolha de plano alimentar compatível com preferências e rotinas diárias;

– Gestão da expectativas dos resultados ao longo do acompanhamento;

– Entendimento de que a obesidade é uma doença crônica recorrente;

– Compreender que a mudança comportamental deve ser mantida ao longo da vida.

Lancha acrescenta ainda que a coparticipação do paciente na condução das decisões sobre diminuir a ingestão de alimentos ou amentar a atividade física ajudam a deixá-lo mais comprometido com a dieta e com os treinos, porque o insere na decisão sobre o melhor caminho para seguir e não o coloca apenas para executar a dieta pré-estabelecida.

Ciência em avanço

Desde a descoberta da associação da grelina (hormônio da fome) aos exercícios, a ciência tem investigado o assunto mais a fundo. Atualmente já se sabe que as atividades físicas reduzem mais a produção do hormônio do que a adoção de dietas. Pesquisa de 2016, publicada na revista Medicine & Science in Sports Exercise se tornou referência para essa constatação de que o apetite não aumenta após atividade física.

Os resultados mostraram que a concentração de grelina aumentou significativamente no grupo de participantes submetidos à restrição alimentar, e a concentração do peptídeo YY (supressor da fome) aumentou mais no grupo submetido ao exercício. Contudo, para que essa equação funcione, é fundamental que a dieta seja feita de maneira individualizada, sempre prescrita por profissional, de acordo com os objetivos do paciente.

Por: Karolina Vieira, para o EU Atleta

Fonte: Fábio Trujilho, médico endocrinologista e vice-presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

pesquisadores do Centro de Ciência em Peso, Apetite e Estilo de Vida (Well Center)

Antonio Lancha Jr, nutricionista

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/fazer-exercicios-controla-o-apetite-e-reduz-risco-de-comer-em-excesso.ghtml

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