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Exercício pode retardar seu envelhecimento biológico; veja o que se sabe

Sempre reforço o quão importante é a prática de exercícios físicos, pois auxilia na melhora do humor, autoconfiança, prevenção do declínio cognitivo, alívio de sinais de ansiedade, melhora de memória e cognição, além do controle da composição corporal e melhora de doenças.

Se não bastassem todos esses benefícios, pesquisadores começaram a realizar mais estudos associando a prática e como eles atuam na longevidade, nos mantendo mais “jovens” biologicamente.

Como sabemos, já existe uma relação entre a idade cronológica e a que denominaram “idade fitness” —desenvolvida por pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. Eles estudaram pessoas que realizavam atividades físicas e a relação que tinham com o bem-estar durante anos e anos.

Essa idade é determinada, principalmente, pelo seu VO2máx (consumo de oxigênio máximo), que é uma medida da capacidade do seu organismo de absorver e utilizar oxigênio, tendo como um dos objetivos indicar a sua resistência cardiovascular atual.

Foto: Reprodução/Internet

Essa medida também pode ser utilizada para comparar o seu condicionamento físico com o de outras pessoas da mesma idade. Se o seu VO2máx é abaixo da média para sua faixa etária, então a sua idade fitness é “mais velha” do que sua idade cronológica. Ou seja, um homem de 50 anos, por exemplo, pode ter uma idade fitness entre 30 e 75 anos, conforme seu VO2máx.

Por esse motivo, os cientistas noruegueses tentaram, por vários anos, desenvolver um método simples para estimar o VO2máx. Eles recrutaram quase 5.000 voluntários com idade entre 20 e 90 anos, mediram sua capacidade aeróbia com um teste ergométrico e verificaram uma variedade de parâmetros de saúde, incluindo a circunferência da cintura, frequência cardíaca e rotina de exercícios. Com esses dados, conectado a um algoritmo, conseguiram uma aproximação ao resultado de VO2máx, barateando e otimizando o processo.

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No estudo, que foi publicado na Medicine & Science in Sports & Exercise, os cientistas se voltaram para um grande número de dados sobre mais de 55 mil adultos noruegueses que haviam completado questionários extensos de saúde, desde a década de 1980.

Os cientistas usaram respostas dos voluntários para estimar o VO2máx e a idade fitness de cada pessoa. O estudo descobriu que pessoas com idade fitness significantemente maior do que a cronológica —com cerca de 85% do VO2máx para a média da idade— tinham um risco 82% maior de morrer prematuramente do que aqueles cuja a idade fitness foi a mesma ou mais jovem do que a idade real.

De acordo com os autores do estudo, os resultados sugerem que a idade fitness pode prever o risco de uma pessoa por morte súbita, doenças causadas pelo excesso de peso, com consequentes níveis elevados de colesterol ou pressão arterial e tabagismo.

Os pesquisadores agora descobriram que uma forma de mensurar o envelhecimento é através do DNA. E como isso acontece?

De forma simplista, nas pontas dos seus cromossomos estão os chamados telômeros —que são como “tampas protetoras” do material genético, impedindo o desgaste e mantendo a estabilidade estrutural do cromossomo. À medida que envelhecemos, eles tendem a encurtar (por isso são um dos fatores mais importantes do envelhecimento).

Para você ter uma ideia, pessoas jovens têm certa de 8 a 10 mil nucleotídeos —blocos de construção dos cromossomos— de comprimento comparado a pessoas mais velhas, que têm cerca de 5.000 nucleotídeos de comprimento.

Mas o que eu faço para manter meu DNA mais “jovem”?

Foto: Reprodução/Internet

Um estudo mostrou como o exercício pode retardar o envelhecimento biológico em até 10 anos. Os pesquisadores compararam o comprimento dos telômeros com os hábitos de exercício em mais de 1.200 pares de gêmeos idênticos em sua maioria mulheres, analisando o impacto do exercício no comprimento dos telômeros nos glóbulos brancos dos gêmeos.

O estudo descobriu que telômeros mais longos estavam positivamente associados a mais exercícios recreativos. Essa descoberta se manteve depois que os pesquisadores analisaram idade, gênero, índice de massa corporal, tabagismo e atividade física no trabalho.

Os telômeros dos indivíduos mais ativos eram 200 nucleotídeos mais longos do que os dos indivíduos menos ativos. Em gêmeos idênticos que não se exercitavam na mesma quantidade —um gêmeo treinava com mais frequência do que o outro—, concluiu-se que os telômeros dos gêmeos mais ativos eram cerca de 88 nucleotídeos mais longos do que os de seus irmãos ou irmãs menos ativos, mas geneticamente idênticos.

Na pesquisa com gêmeos, as pessoas que se exercitavam vigorosamente pelo menos três horas por semana tinham telômeros mais longos e eram 10 anos “mais jovens” (conforme medido por seus telômeros) do que as pessoas que não se exercitavam regularmente. Isso se manteve depois de levar em conta outros fatores, como tabagismo, idade, peso e nível de atividade no trabalho.

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Entretanto, há indícios em outras pesquisas de que atividades muito vigorosas podem não ser tão benéficas, pelo menos nos homens. Uma outra pesquisa que rastreou empresários (somente homens) por quase três décadas, descobriu que o grupo que se exercitava moderadamente tinha telômeros mais longos do que aqueles que se exercitavam vigorosamente —incluindo alguns que eram atletas competitivos— e aqueles que não praticavam exercício nenhum.

Dessa forma, mais pesquisas são necessárias para determinar quanto e que tipo de exercício promove alterações nos telômeros, bem como se homens e mulheres teriam recomendações diferentes.

Embora a pesquisa sobre o comprimento dos telômeros seja um campo relativamente novo, os pesquisadores acreditam que os telômeros encurtados podem aumentar o risco de doenças relacionadas à idade, como pressão alta, dificuldades mentais, câncer e muito mais.

Isso ocorre porque, à medida que os telômeros se encurtam, seu DNA tem menos “proteção” e, portanto, qualquer dano que receba tem maior probabilidade de afetar o funcionamento celular. O que reforça a hipótese de que o exercício ajuda a reduzir os danos dos radicais livres, permitindo que seu corpo invista seus recursos na manutenção da saúde em vez de reparar os danos.

Determinar como o exercício pode manter seu DNA “jovem” representa um novo e enorme passo na compreensão de como o estilo de vida pode desempenhar um papel no envelhecimento. De qualquer forma, o exercício ajuda você a viver mais saudável.

Você deve se exercitar não apenas pelo seu DNA, mas também para se sentir bem e experimentar todos os benefícios do exercício.

Referências:

Você sabe sua “idade fitness”? Disponível em: https://paolamachado.blogosfera.uol.com.br/2018/04/07/voce-sabe-sua-idade-fitness-descubra-se-ela-condiz-com-a-idade-real/

Dez benefícios que o exercício traz para você. Disponível em: https://paolamachado.blogosfera.uol.com.br/2018/08/11/10-beneficios-que-o-exercicio-traz-para-voce/

Savela S; Saijonmaa O; Strandberg TE; Koistinen P; et al. Physical activity in midlife and telomere length measured in old age. Volume 48, Issue 1, Pages 81-84, 2013.

Cherkas LF; Hunkin JL; Kato BS; et al. The Association Between Physical Activity in Leisure Time and Leukocyte Telomere Length. Arch Intern Med. 168(2):154-158. 2008.

Tsoukalas D; Fragkiadaki P; Sarandi E; Tsatsakis A. Modulation of the Process of Aging in Human Organism: Recent Advances in Biomarkers for Diagnosis and Treatment. Journal of Siberian Federal University. Biology. 11 (2). 2018.

Rizvi S; Raza ST; Mahdi F. Telomere Length Variations in Aging and Age-Related Diseases. Current Aging Science. Volume 7, Issue 3, 2014.

Por: Paola Machado – Colunista do UOL

Fonte: Paola Machado, Profa. Dra. Paola é fisiologista do exercício e da nutrição, pesquisadora científica e colunista do VivaBem/UOL. Seu método foca em educação em saúde, com implementação de um novo estilo de vida de forma duradoura e efetiva.

É graduada (2009) em Educação Física modalidade em saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); mestre em Ciências da Saúde, com foco em fisiologia do exercício e imunologia pela UNIFESP (2012) e doutora em Ciências da Saúde, com foco em fisiologia da nutrição e fisiopatologia da obesidade, também pela UNIFESP (2020).

Atua como pesquisadora científica e com consultorias na área esportiva e de nutrição, além de gerar conteúdos para o público leigo e profissionais. Tem empresas na área de saúde e tecnologia, realiza palestras para empresas e é colunista de saúde do VivaBem/UOL.

 Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/paola-machado/2022/08/18/o-exercicio-pode-retardar-seu-envelhecimento-biologico.htm

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