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Dia Mundial da Obesidade: a influência de aspectos psiquiátricos em pacientes que recorrem à cirurgia bariátrica

O dia 11 de outubro é o Dia Mundial da Obesidade, doença que acomete 19,8% da população nacional, segundo dados recentes do Ministério da Saúde. Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, a obesidade pode ser causada por fatores nutricionais, fisiológicos, genéticos, psicológicos e comportamentais.

procura pela cirurgia aumentou 47% em apenas cinco anos.

Apesar de ser uma alternativa eficiente, o método nem sempre apresenta resultados definitivos, principalmente se o paciente não recebe o apoio psiquiátrico antes, durante e depois do procedimento. “Dados apontam que cerca de 40% das pessoas que se submeteram a essa intervenção podem ter algum grau de reganho de peso, incluindo a recuperação total do que foi perdido”, explica a psiquiatra Maria Francisca Mauro, do grupo Programa de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ).

Em mesa apresentada durante o Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado no dia 09 de outubro, no Riocentro, a especialista vai debater sobre transtornos alimentares e saúde mental pós-bariátrica.

“Pacientes candidatos a essa cirurgia são um grupo distinto de pessoas com obesidade. Normalmente, já no pré-operatório, tendem a apresentar altos índices de sofrimento emocional, que permanecem estáveis mesmo após o procedimento – e devem ser cuidados em longo prazo”, explica Maria Francisca. Segundo ela, o papel do profissional é analisar as mudanças que ocorrem na forma em que essas pessoas percebem seus sinais de vontade de comer e de saciedade. “Essas alterações geram uma melhora momentânea no quadro de compulsão alimentar e na saúde mental, mas não é algo permanente”, alerta.

De acordo com pesquisa desenvolvida pelo HUCFF, 52% dos pacientes com pós-operatório de bariátrica continuam com algum diagnóstico psiquiátrico, como depressão (39%), compulsão alimentar (37%) e uso excessivo de álcool (13%). “Esses dados corroboram um estudo nacional que mostra que 57,8% de candidatos a essa cirurgia apresentam algum quadro psiquiátrico prévio à cirurgia”, salienta Maria Francisca.

Sem o devido acompanhamento profissional, essas pessoas possuem mais chances de ter reganho de peso, aumentando os riscos da volta de condições vinculadas à obesidade, como hipertensão, diabetes e outros problemas de saúde. “O médico psiquiatra é parte fundamental da equipe multidisciplinar do paciente pós-bariátrica. Todos os sintomas devem ser avaliados corretamente. A investigação do perfil comportamental ajuda a tratar e prevenir o possível retorno do peso, bem como o tratamento de quadros psiquiátricos que podem impactar na qualidade de vida deste grupo”, finaliza.

Por: Erica Haynes

Fonte: Maria Francisca Mauro, Médica especialista em Psiquiatria pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maria Francisca atua como Psiquiatra especializada na área de Transtornos Alimentares e Obesidade. Faz parte da Associação Brasileira de Psiquiatria. Pesquisadora colaboradora no PROCIBA/HUCFF/UFRJ (Programa de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Fraga Filho) e membro do GOTA/IPUB/UFRJ (Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares).

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