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Coronavírus: o impacto do Covid-19 no coração

Cardiologista explica como o vírus atinge o sistema cardiovascular dos doentes, enumera sequelas e alerta sobre a necessidade de repouso para atletas com suspeita da doença

Em relação aos riscos cardiovasculares em pacientes com coronavírus, vamos utilizar as informações que a Sociedade Brasileira de Cardiologia divulgou em seu site para explicar a incidência de sequelas cardiovasculares nos doentes. A infecção pelo Covid-19 acomete o sistema cardiovascular em um número considerável de casos. As principais manifestações são as seguintes:

 Arritmias (atingem 16% dos infectados pelo vírus): desde benignas até as mais graves;

 Isquemia miocárdica (afeta 10% dos doentes): angina ou infarto do miocárdio;

 Miocardite (7,2% dos doentes): inflamação do músculo do coração, chamado de miocárdio. As causas são muitas, desde as infecções por diversos

 vírus, bactérias, protozoários (da Doença de Chagas), alguns medicamentos, várias doenças autoimunes, elevado consumo de álcool, cocaína, maconha e outras drogas;

Choque (1-2% dos doentes): quando uma infecção se alastra pelo corpo rapidamente e atinge vários órgãos que vão deixando de funcionar e a pressão arterial vai caindo a níveis muito baixos, levando à morte.

O que se recomenda é intensificar os cuidados e as conhecidas medidas de prevenção contra a virose pelo novo coronavírus na população em geral e em especial nos pacientes portadores de doenças cardiovasculares, ainda mais suscetíveis.

Quando for cuidar de familiar ou um cuidador atender idoso ou doente de qualquer tipo e em todos os níveis, faça a higiene bem feita das mãos com água e sabonete ou álcool gel 70%, além do uso de máscara obrigatória para acudi-lo com segurança.

Uma recomendação importante para atletas e esportistas amadores: mesmo que esteja com sintomas leves, não faça exercícios. Pesquisas que indicam que o excesso de treinos diminui a imunidade. Além disso, viroses exigem repouso. Sem repouso, abre-se uma porta para que viroses evoluam para miocardites, o que é agravado no caso do coronavírus. Afinal, em cerca de 7% a 13% das pessoas infectadas, o vírus pode se instalar nas células do miocárdio, e isso é facilitado pela baixa imunidade. Tanto que há inúmeros relatos de miocardites entre atletas.

Sobre soros e alimentos

Preciso ainda alertar sobre os pilantras aproveitadores desse momento tão importante para a população brasileira. Temos lido nas mídias sociais postagens de profissionais da saúde informando erroneamente de supostos benefícios de soros medicinais e certos alimentos, que aumentariam, como um medicamento, a imunidade do organismo, protegendo contra a pandemia do Covid-19. Aqui reproduzimos a nota oficial da Associação Brasileira de Nutrologia, divulgada no último dia 15 de março:

“A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) vem a público esclarecer que não faz parte de seus protocolos a administração de soroterapia endovenosa para prevenção de doenças infectocontagiosas, bem como não há nenhuma evidência científica de que a infusão de soros, com qualquer dose de vitaminas, minerais, aminoácidos, antioxidantes ou outros nutrientes, tenha efeito preventivo contra o novo coronavírus”.

Por: Nabil Ghorayeb

Fonte: Nabil Ghorayeb, Doutor em Cardiologia pela FMUSP, chefe da seção CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese Cardiologia, Prêmio Jabuti de Literatura, Ciência e Saúde

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/post/2020/03/16/coronavirus-o-impacto-do-covid-19-no-coracao.ghtml

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