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Chá para gordura do fígado: Entenda possíveis benefícios, contraindicações e alertas em relação a bebidas como chá verde ou de cardo mariano

Alguns estudos publicados em revistas científicas apontam possíveis benefícios do chá verde no tratamento de quadros de esteatose hepática, popularmente conhecida como fígado gorduroso não alcoólico. Mas ao procurar por um chá para gordura do fígado, é preciso ter cautela. As pesquisas científicas sobre o assunto estão em estágio pré-clínico, ou seja, sendo feitas em animais. Por esse motivo, avaliações em humanos são necessárias para confirmar os benefícios e riscos à saúde do chá verde no tratamento da doença, como afirma a médica endocrinologista Nathalia Ferreira. Há também outras bebidas que podem trazer efeitos terapêuticos em relação à esteatose hepática. Segundo a nutricionista Bruna Oliveira, o chá mais indicado para quadros de gordura no fígado é o de cardo mariano.

A seguir, a endocrinologista Nathalia Ferreira explica o que é a esteatose hepática não alcoólica e quais as suas causas. Já para elencar os benefícios de chás que podem ser usados em casos de fígado gorduroso, o EU Atleta conversou com a nutricionista Bruna Oliveira. Acompanhe!

Chá verde tem resultados promissores para o tratamento de fígado gorduroso — Foto: Internet

Esteatose hepática

Segundo a endocrinologista Nathalia Ferreira, a esteatose hepática é o acumulo de gordura em excesso no interior das células do fígado. Nesse quadro, é comum o órgão ficar amarelado e aumentar de tamanho. O distúrbio pode causar uma inflamação capaz de evoluir para casos graves de hepatite, cirrose hepática e até câncer. Existem dois tipos de esteatose hepática: a alcoólica, causada pelo excesso de ingestão de bebidas com álcool, e a não alcoólica, que é acompanhada de uma série de fatores.

O sobrepeso é responsável por 60% dos casos de fígado gorduroso não alcoólico. A doença também pode ser ocasionada por diabetes, nutrição, perda brusca de peso, gestação, cirurgias, sedentarismo e algumas medicações.

— A esteatose hepática não alcoólica normalmente vem acompanhada de uma síndrome metabólica, que consiste no aumento da pressão, resistência à insulina e colesterol alterado. Além disso, pode ocorrer obesidade abdominal, apresentada através de um aumento da circunferência abdominal — explica a endocrinologista.

Vale destacar que, segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia, não existe um tratamento medicamentoso específico para a esteatose hepática, e sim controles dos fatores de risco com um estilo de vida saudável, que inclui boa alimentação e prática de atividades físicas regulares.

Evidências científicas

Um estudo publicado na revista científica The Journal of Nutritional Biochemistry traz achados que podem ser significativos para o tratamento de esteatose hepática não alcoólica. Os pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia alimentaram camundongos com uma dieta rica em gordura durante 16 semanas. Esses animais foram divididos em quatro grupos:

– Um grupo consumiu chá verde e se exercitou em uma roda;

– Um grupo serviu para controle, ou seja, consumiu apenas a dieta rica em gordura;

– Um grupo fez apenas exercícios;

– Um grupo tomou apenas chá verde.

Ao analisar os tecidos do fígado dos animais, os pesquisadores concluíram que o grupo que consumiu extrato de chá verde e se exercitou de forma regular apresentou apenas 25% dos resíduos de lipídios no fígado se comparado com os animais do grupo controle. Já os ratos que usaram apenas o extrato de chá verde ou apenas fizeram exercícios tinham cerca de metade da gordura no fígado em relação ao grupo de controle.

Em entrevista ao portal especializado em divulgação científica Science Daily, Joshua Lambert, um dos autores do estudo, explicou que ao examinar as fezes dos animais durante a pesquisa, foi possível relatar que os ratos consumidores do extrato de chá verde e praticantes de exercício processaram os nutrientes de forma diferente. De acordo com o pesquisador, os polifenóis do chá verde interagem com as enzimas digestivas secretadas no intestino delgado e dificultam um pouco a quebra de carboidratos, gordura e proteína nos alimentos. Por não digerir a gordura da dieta, o especialista explica que, uma certa quantidade da gordura acaba saindo em suas fezes.

Já outro estudo publicado na revista científica International Journal of Molecular Medicine, também feito em ratos, mostrou efeitos positivos dos polifenois presentes no chá verde. Os ratos que seguiram uma dieta rica em gordura e consumiram chá verde pesavam significativamente menos em comparação com os ratos do grupo de controle. O resultado indicou que os polifenóis do chá verde podem reduzir a obesidade. Além disso, o tratamento indicou melhora na função hepática.

Chá verde

Chá verde contém diversas substâncias bioativas — Foto: Internet

Segundo a nutricionista Bruna Oliveira, o chá verde é rico em “polifenóis” chamados de “catequinas”. A bebida contém fitoquímicos que proporcionam vários benefícios para a saúde. O chá possui ação anti-inflamatória, hipoglicemiante, antitumoral, energizante, flavonoides, polifenóis, vitaminas e minerais, ações que podem atenuar os quadros de várias doenças.

— Alguns estudos do chá verde demonstram bons resultados em relação à perda de peso (aumento da lipólise), quebra de gordura e aumento do gasto energético. Além disso, possui antioxidantes, previne o envelhecimento precoce e auxilia na prevenção de doenças crônicas e cardiovasculares — afirma a nutricionista.

Porém, de acordo com Bruna Oliveira, o consumo do chá verde exige cuidado. A bebida é indicada para casos de esteatose hepática leve, pois em casos moderados da doença ele pode causar uma sobrecarga hepática.

Segundo a médica endocrinologista Nathalia Ferreira, como muitas pessoas usam produtos fitoterápicos sem prescrição médica e com indicações variadas, há inúmeros relatos de toxicidade.

— Isso ocorre devido à crença de que os produtos naturais não produzem toxicidade, lesão para corpo ou efeitos colaterais. Entretanto, existe um risco significativo, por exemplo, de lesão hepática com o uso desse tipo de substância. O risco aumenta quando esses compostos têm associação de várias plantas, quando não existe uma seleção adequada da porção atóxica. Também é possível acontecer contaminação química ou biologia, especialmente quando esses produtos são feitos na forma de estratos e são embalados de forma inadequada. — aponta a endocrinologista.

Receita

Ingredientes:

– uma colher de sopa de folhas secas do chá verde

– 200 a 300 ml de água

Modo de preparo:

1.Em um recipiente, aqueça 200 a 300 ml de água até iniciar o processo de fervura (mas sem deixar ferver);

2..Depois, coloque as folhas em uma xícara ou copo e adicione a água;

3. Deixe a bebida em infusão de três a cinco minutos;

4. Feito isso, é só coar antes de tomar o chá

Informações importantes:

. O consumo deve ser de duas a três xícaras por dia;

. É importante não deixar passar de cinco minutos em repouso;

. Em relação ao tempo de consumo, é aconselhável utilizar por 30 dias. Após esse período, o nutricionista deve avaliar o paciente e fazer os ajustes necessários.

. Procure não consumir o chá ao final da tarde ou noite, por conta da presença de cafeína.

Contraindicações:

Gestantes e indivíduos que apresentem problemas de gastrite, hipertensão ou tireoide. Já para pacientes com problemas renais, o uso é restrito devido à presença de alumínio. Bruna Oliveira lembra da importância de consultar o nutricionista em relação a quantidade e forma de consumo.

— O consumo em altas doses de chá verde, assim como qualquer outro chá, pode causar toxicidade ao organismo. Além disso, também pode provocar efeitos colaterais como: náuseas, dor de estômago e má digestão, causando a diminuição da capacidade de coagulação sanguínea, não sendo indicado antes de procedimentos cirúrgicos — explica a nutricionista.

Chá de cardo mariano

Segundo Bruna Oliveira, o cardo mariano (Silybum Marianum) é uma planta medicinal que possui silimarina, uma substância natural ligada à diminuição da progressão de doenças hepáticas e de inflamação. Por esse motivo, para a profissional, o chá de cardo mariano é o mais indicado para quadros de gordura no fígado.

A planta pode ser encontrada em lojas de produtos naturais ou farmácias de manipulação. O chá possui propriedades digestivas, diuréticas e estimulantes. Além disso, pode atuar como protetor hepático, no caso da cirrose hepática, esteatose hepática e hepatite.

Receita

Ingredientes:

– 200 a 300 ml de água

– Uma colher de chá do fruto de cardo mariano macerado

Modo de preparo:

1. Adicione uma colher de chá do fruto macerado na xícara com água fervente;

2. Após isso, deixe descansar por 10 minutos e coe antes de beber.

Informações importantes:

– O consumo deve ser de três a quatro xícaras por dia;

– O cardo mariano também pode ser encontrado em forma de cápsulas, podendo assim, estar associado a outras plantas como alcachofra.

Contraindicação:

Em casos graves de oclusão de vias biliares, crianças, hipertensos, indivíduos com problemas renais ou gástricos, pois se utilizado em altas doses, pode irritar o estômago e causar queimaduras na mucosa gástrica.

Por: Marcela Franco, para o EU Atleta — Bauru, São Paulo

Fonte: Bruna Oliveira é graduada em Nutrição há 11 anos e possui vasta experiência com atendimentos nas áreas clínica e esportiva funcional. Possui pós-graduação em nutrição clínica e esportiva funcional. Atualmente, cursa sua terceira especialização em fitoterapia funcional pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

Nathalia Ferreira é médica endocrinologista especialista em Clínica Médica e Endocrinologia e Metabologia. Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/cha-para-gordura-do-figado-qual-e-o-melhor-e-como-fazer.ghtml

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