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Câncer de mama: como fazer o autoexame e quando realizar mamografia e ressonância

Segundo pesquisa, 77% dos brasileiros acreditam erroneamente que autoexame detecta tumores precocemente. Nesse Outubro Rosa, saiba a frequência indicada para realização de exames de imagem, que efetivamente ajudam em um diagnóstico no estágio inicial

Câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, excluindo os tumores de pele não melanoma. Ao redor do globo, o câncer de mama corresponde a 25% dos casos novos de câncer entre as mulheres a cada ano. Já no Brasil, esse percentual é de 29% dos casos novos de câncer feminino, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para 2019, segundo a instituição, são estimados 59,7 mil casos novos, representando uma taxa de incidência de 56,33 casos por 100 mil mulheres. Mas isso não é motivo para que as mulheres se angustiem. Nem homens, já que, ao contrário do que a maioria pensa, eles também são acometidos pela doença, embora em porcentagem bem menor, com em torno de 1% dos casos. É preciso, na verdade, redobrar os cuidados com a saúde e as mamas. Para tanto, deve-se manter um acompanhamento de ginecologista e/ou mastologista, realizar os exames indicados pelo médico e adotar hábitos essenciais para a prevenção da doença, como a prática regular de atividades físicas e alimentação saudável. Abaixo, vamos explicar que exames devem ser feitos e dar um passo a passo do autoexame. Afinal, quando descoberto precocemente, o câncer de mama tem cerca de 93% de possibilidade de cura, o que cai para 72% quando a descoberta acontece em estágio intermediário, segundo a Sociedade Americana do Câncer.

E aí vem uma informação importante: o autoexame não é suficiente para esse diagnóstico precoce, ao contrário que pensam 77% das mulheres e 79% dos homens brasileiros, segundo a pesquisa “Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e a sua doença?”. Aplicada pelo IBOPE Inteligência em parceria com a farmacêutica Pfizer, a pesquisa realizou uma entrevista online com 2 mil pessoas de diferentes regiões do país, com 52% de mulheres e 48% de homens, entre os entrevistados. A grande maioria acredita que o autoexame é suficiente, quando ele só detecta o nódulo quando este já tem pelo menos 1 centímetro de diâmetro. Já mamografia e ressonância magnética de mama podem detectar tumores muito menores, num estágio inicial da doença.

Médica da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e mestre em genética, Alessandra Borba reforça que o câncer de mama tem cura quando detectado precocemente. Mesmo quando há predisposição genética, o que corresponde a cerca de 10% a 20% dos casos, é possível detectar a doença ainda em seu início, se realizado o acompanhamento médico com a periodicidade adequada e os exames de imagem com a frequência indicada pelo ginecologista ou mastologista. Além disso, é possível evitar fatores de risco que influenciam na ocorrência da doença, que pode ter mais de uma causa.

– O ideal seria que toda mulher pudesse realizar uma testagem genética para estratificar o risco, se é baixo ou alto. Mas há outros fatores, como histórico de câncer na família, incluindo parentes de terceiro grau, e Índice de Massa Corporal [IMC] que podem ser usados para calcular o risco. Por isso, é preciso que a mulher tenha um acompanhamento de perto. Mas casos de alto risco são a minoria, apenas 10% – completa a médica, acrescentando que, para a maioria das pacientes acima dos 40 anos, a mamografia anual é suficiente para detectar a doença.

Exames que devem ser realizados, os quais detalharemos adiante:

Autoexame mensal, que é indicado principalmente para que a mulher conheça a própria mama, uma vez que não é capaz de detectar lesões precocemente, apenas quando elas já têm pelo menos 1 cm de diâmetro;

Mamografia;

Ressonância magnética;

Ultrassonografia.

Fatores de risco para o câncer de mama:

Histórico de câncer, em geral, não apenas de mama, na família, incluindo entre parentes de terceiro grau;

Sedentarismo;

Má alimentação;

Acúmulo de gordura corporal, sobrepeso e obesidade;

Consumo de álcool;

Não amamentação (sabe-se que amamentar é um dos fatores protetores);

Uso de anticoncepcionais;

Menopausa.

Tipos de risco:

1, Baixo: ocorre entre mulheres que não têm histórico de câncer na família e não adotam muitos comportamentos de risco, mantendo o peso adequado, praticando atividades físicas e adotando uma alimentação saudável, por exemplo. Em geral, esses episódios ao acaso ocorrem entre pacientes dos 50 aos 60 anos e de forma mais lenta. Com a mamografia anual a partir dos 40 anos, é possível detectar a lesão ainda pequena e ter um tratamento eficaz;

2. Alto: comum a mulheres portadores de mutação genética ou que já tiveram biopsia pré-maligna. Por isso, nesses casos, além do exame físico com mastologista, a cada seis meses são intercalados os métodos de diagnóstico por imagem, ou seja, mamografia e ressonância da mama. Assim, é possível detectar a doença e reduzir chances de mortalidade.

Como fazer o autoexame: passo a passo

A médica enfatiza que o autoexame não permite identificar lesões precocemente ou reduzir a mortalidade pela doença. Não se trata de um método de prevenção, mas de autoconhecimento. Quando é palpável, o nódulo já tem pelo menos 1 cm. Portanto, ainda que o autoexame mensal seja interessante para mulheres conhecerem a própria mama e encontrarem nódulos já avançados, ele não dispensa a realização dos exames diagnósticos por imagem, ou seja, mamografia e ressonância, que encontram nódulos ainda no começo, quando as chances de cura são maiores. Borba orienta sobre como o autoexame deve ser feito.

A partir de qual idade é realizado: a recomendação internacional é dos 25 anos em diante. No entanto, algumas instituições sugerem a partir dos 18 anos. Por isso, converse com o seu ginecologista.

Frequência: uma vez por mês, cerca de três a sete dias após a menstruação. No caso de mulheres que entraram na menopausa, é preciso realizar o exame mensalmente na mesma data. Exemplo, todo dia 5.

Onde realizar: a indicação é fazer o exame durante o banho, pois facilita o processo de deslizar a mão pela mama, especialmente com a ajuda de sabão. Ou em frente a um espelho. Não precisa realizá-lo deitada, como durante o exame físico realizado pelo ginecologista durante o preventivo, apenas se sentir mais confortável.

Passo a passo:

1. Usando as pontas dos dedos, faça movimentos de fora para dentro em direção ao mamilo;

2. Em seguida, realize movimentos circulares;

3. Depois, em frente ao espelho, observe as mamas em busca de alterações visíveis. Verifique, por exemplo, se a pele está vermelha ou descamando, que pode ser sinal de reação alérgica ou de câncer. Levante também os braços nesse processo de observação das mamas;

4. Em relação ao mamilo, observe se há alterações. Atente, por exemplo, se era para fora e passou a ficar para dentro. Note ainda se há presença de líquido que saia espontaneamente. Muitas vezes, esse pode ser um problema benigno conhecido como ectasia ductal, mas também é um sintoma de câncer.

Alterações que devem ser observadas:

1. Nódulos palpáveis,

2. Alterações na pele, como vermelhidão e descamação,

3. Mamilo para dentro, enquanto anteriormente ficava para fora,

4. Presença de líquido que saia espontaneamente do mamilo.

O que fazer ao notar alterações: consultar o médico ginecologista ou mastologista para orientações e diagnóstico de outras causas que podem estar associadas aos sintomas observados ou mesmo câncer de mama.

Ponto de atenção: cuidado para não se preocupar demais com a possibilidade de ter um câncer de mama e passar a realizar o autoexame mais do que uma vez por mês ou todos os dias. Não entre em pânico. Mantenha um acompanhamento regular com o seu ginecologista ou mastologista e evite os fatores de risco.

Benefícios do autoexame:

1.Pode ser realizado por mulheres a partir dos 18 ou 25 anos;

2.Ajuda mulheres a se autoconhecerem e estarem aptas a notar quaisquer alterações na mama, quando ocorrem;

3.Permite identificar sinais que indicam presença não apenas de câncer, mas de outros problemas, como alergias e ectasia ductal.

Exames preventivos e diagnósticos

Cada mulher deve seguir a orientação de seu médico para a idade e periodicidade indicada para realizar os exames que permitem detectar o câncer de mama ainda em seu estágio inicial. No entanto, com o apoio da mastologista apontamos as orientações gerais:

1. Mamografia: a recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia é que mulheres a partir dos 40 anos realizem esse exame anualmente. Pode ser indicado realizar a mamografia entre 35 e 40 anos para realizar um mapeamento da mama;

2. Tomossíntese mamária: é uma espécie de mamografia 3D, que pode substituir a mamografia tradicional. A recomendação de idade e frequência é a mesma.

3. Ressonância: esse exame é indicado para mulheres com alto risco para câncer de mama. Nesses casos, o médico alternará a realização de mamografias e ressonância com intervalo de seis meses entre cada um dos exames de imagem;

4. Ultrassonografia: trata-se de um exame complementar à mamografia, solicitado pelo médico conforme necessidade de fazer alguma checagem adicional.

Quando consultar mastologista?

Borba comenta que o ginecologista acompanha a mulher desde a adolescência, conhece a sua mama e sabe quando é o momento de pedir os exames para diagnóstico. Esse acompanhamento regular do médico de confiança permite identificar casos de câncer de mama precocemente. Mas isso não significa que a mulher não possa se consultar com um mastologista antes mesmo da indicação do seu ginecologista.

A médica destaca alguns casos em que se pode procurar esse especialista:

Quando a mulher tem dúvidas se sua probabilidade para desenvolvimento da doença é alta ou baixa. A influência do histórico familiar é muito dinâmica. Pode ser que até os 15 anos a mulher não tenha nenhum caso de câncer na família. Mas se isso muda quando ela tem, por exemplo, 30 anos, uma vez que algum parente desenvolve algum tipo dessa doença, o risco para o câncer de mama muda. Lembrando que os casos da doença tendem a ser mais agressivos e evoluir mais rápido quando as mulheres são mais jovens;

Ao notar alterações no autoexame da mama;

Antes de realizar cirurgia plástica, para mapeamento dos seios;

Quando tiver alguma dúvida sobre as suas mamas. É melhor ir ao médico mastologista e se certificar de que está tudo bem e que não é preciso voltar por algum tempo do que nunca procurar esse especialista e viver com preocupação.

Prevenção também é fundamental

A médica mastologista comenta que as formas de diagnóstico e tratamento da doença evoluíram, mas tratam-se de procedimentos caros e focados na doença. Não se pode esquecer de que prevenção é essencial. Mulheres obesas, por exemplo, têm na prática de atividades físicas aliadas para a perda de peso e gordura corporal e, consequentemente, redução de fatores de risco do câncer de mama.

– Estudo de intervenção divulgado recentemente demonstrou que pacientes que realizavam quimioterapia e também adotaram uma alimentação saudável e atividades físicas reduziram o IMC e isso esteve associado à redução do retorno da doença. É preciso educar a população em relação a prevenção – diz.

por cerca de 10% a 20% dos casos, é essencial que mulheres evitem fatores de risco comportamentais. É preciso associar hábitos de vida mais saudáveis à consulta ao ginecologista e ao mastologista, conforme recomendado individualmente para cada mulher. Nesse sentido, a médica sugere incorporar os seguintes comportamentos que poderão ajudar a mulher a diminuir as chances de ocorrência do câncer de mama, além de outros problemas crônicos, como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares:

Adotar uma alimentação saudável e balanceada, com frutas, legumes e verduras;

Reduzir consumo de alimentos industrializados, que são ricos em açúcar, sódio e gordura;

Praticar pelo menos 150 minutos de atividades aeróbicas que promovam uma aceleração cardíaca, para proporcionar benefícios como perda de peso;

Evitar o consumo de álcool;

Ter um sono de qualidade, que é benéfico para a saúde física e mental;

Abandonar o vício do cigarro que, além de estar associado a vários tipos de câncer, promove uma piora da saúde geral da mulher e diminuição da capacidade respiratória. Além disso, pode causar complicações durante a recuperação pós-cirurgia, no caso de pacientes em tratamento contra a doença.

Por: Gabriela Bittencourt, para o EU Atleta — Aberystwyth, País de Gales

Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca)

Sociedade Americana do Câncer

Alessandra Borba, Médica da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e mestre em genética

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/noticia/cancer-de-mama-como-fazer-o-autoexame-e-quando-realizar-mamografia-e-ressonancia.ghtml

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