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Aeróbico em jejum não ajudaria a emagrecer e ainda pode fazer mal à saúde

Professor Paulo Gentil afirma que não há diferença em termos de resultados entre treinar sem se alimentar e após comer normalmente; entenda

Os adeptos do mundo fitness estão sempre buscando novos métodos capazes de melhorar o desempenho e potencializar resultados. E fazer exercícios aeróbicos em jejum é um desses modismos que rondam as academias de todo o país. Mas será que treinar sem comer é mesmo eficaz para a queima de gordura? Será que traz riscos à saúde? Para tirar as principais dúvidas sobre o polêmico assunto, conversamos com Paulo Gentil, professor de educação física, doutor em Ciência da Saúde e docente na Universidade Federal de Goiás, que tem acompanhado diversos estudos na área.

E Paulo Gentil é taxativo. Ele garante que não há a menor diferença entre a perda de peso obtida com um treino aeróbico realizado em jejum e um feito após a ingestão normal de alimentos.

– A diferença de queima de gordura entre comer um pão com manteiga ou não comer nada e fazer exercícios é insignificante. Se somarmos o benefício obtido depois de se passar 15h em jejum, sendo uma hora fazendo exercício, daria o equivalente a queimar 2,7g de gordura. Ou seja, todo esse sacrifício resultaria no equivalente a você queimar meia gota de azeite – afirmou.

Mas então de onde saiu a ideia de que colocar o corpo para trabalhar sem dar a ele os combustíveis necessários poderia otimizar os ganhos? Paulo Gentil explica a teoria que começou a ser amplamente difundida nos anos 90.

 

– Nosso corpo pode usar vários tipos de substratos como fontes energéticas, e a seleção deles depende do seu estado atual de combustíveis armazenados. Quando você passa uma noite sem comer, passa muito tempo sem entregar nenhum nutriente para o corpo, que começa a utilizar gordura como principal fonte de energia. Aí quando você acorda, esse é o estado em que seu corpo se encontra, utilizando mais gordura do que se tivesse em estado alimentar, o que é natural. Aí, pensando nisso, começaram a colocar as pessoas para fazer exercício de baixa intensidade, que já usaria uma quantidade boa de gordura normalmente, em jejum, para que a quantidade utilizada fosse maior do que a normal – explicou.

Mas não é bem assim que a coisa funciona. Segundo o professor Paulo Gentil, quando você fica sem comer durante a noite, não esvazia suas reservas energéticas totalmente, mas coloca o corpo em estado de alerta. Então, ele resgata o instinto de sobrevivência que é tentar preservar energia para as suas funções vitais. Ao obrigar seu corpo a fazer atividade física em jejum, é como se estivesse o alertando de que você está em período de alta privação. Ou seja, seu corpo começa a fazer ajustes metabólicos para se preservar dessa “agressão”, e um deles é tentar poupar a reserva de energia, que é a gordura, e se livrar de tecidos “desnecessários”, no caso, o músculo.

Mas não é bem assim que a coisa funciona. Segundo o professor Paulo Gentil, quando você fica sem comer durante a noite, não esvazia suas reservas energéticas totalmente, mas coloca o corpo em estado de alerta. Então, ele resgata o instinto de sobrevivência que é tentar preservar energia para as suas funções vitais. Ao obrigar seu corpo a fazer atividade física em jejum, é como se estivesse o alertando de que você está em período de alta privação. Ou seja, seu corpo começa a fazer ajustes metabólicos para se preservar dessa “agressão”, e um deles é tentar poupar a reserva de energia, que é a gordura, e se livrar de tecidos “desnecessários”, no caso, o músculo.

Mas certamente há adeptos do aeróbico em jejum que vão dizer que estão tendo bons resultados treinando desta forma. Mas segundo Paulo Gentil, você não precisa correr riscos para chegar a eles.

– Claro que você obtém ganhos, mas se fizesse exercício alimentado iria ganhar a mesma coisa, ou até mais, e sem correr riscos. O exercício vai dar resultado, alimentado ou em jejum. Mas normalmente os resultados extraordinários obtidos com treinos em jejum só são possíveis com o uso de termogênicos ou até mesmo de esteroides anabolizantes. Essas substâncias anulariam os efeitos negativos da atividade em jejum, entre eles, o risco de redução no metabolismo e de catabolizar o músculo. O que seria bom, então? Uma boa dieta e um bom programa de exercícios intensos, como treino intervalado e musculação – orientou o professor.

Por: Renata Domingues, Rio de Janeiro

Fonte: Paulo Gentil, professor de educação física, doutor em Ciência da Saúde e docente na Universidade Federal de Goiás,

Transcrito: https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/treinos/noticia/aerobico-em-jejum-nao-ajuda-a-emagrecer-e-ainda-pode-fazer-mal-a-saude.ghtml

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