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Aditivos alimentares são associados a alergias, hipersensibilidade e câncer

Eles não têm valor nutricional, são pouco conhecidos e vêm descritos sempre na parte final da lista de ingredientes nos rótulos. Estamos falando dos aditivos, ingredientes adicionados aos alimentos não para nutrir, mas para modificar, preservar ou intensificar alguma de suas características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais. Em outras palavras: os aditivos servem para deixar os alimentos mais “atraentes”, conservar o sabor e aumentar a durabilidade.

Larissa Rodrigues Neto Angéloco, professora do Departamento de Ciências da Saúde da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), explica que existem diversos tipos de aditivos com as mais variadas funções.

Os corantes são usados conferir ou intensificar as cores, sendo muito utilizados na indústria alimentícia infantil para atrair o olhar das crianças. Os

espessantes são aplicados para melhorar a textura e consistência de alimentos, como podemos encontrar em sorvetes, molhos e geleias. Já os

conservantes aumentam o tempo de vida de prateleira, protegendo os alimentos de micro-organismos ou ainda de reações químicas que possam deixar o produto impróprio para o consumo. E um dos mais falados, os

adoçantes, chamados de edulcorantes, que, claro, servem para adoçar

De acordo com a especialista, em geral, nenhum aditivo faz bem para a saúde, mas há uma dificuldade na avaliação devido aos casos subnotificados, que exigem um alto grau de suspeição clínica e a comprovação causal entre a sintomatologia e o aditivo alimentar.

“Os aditivos não têm a função de nutrir e não há, na literatura, referências de benefícios no consumo destes para a saúde. Aliás, existem diversos estudos que correlacionam o consumo desses aditivos com o aumento do risco de efeitos adversos à saúde como a ocorrência de alergias, hipersensibilidade e câncer”, alerta Angéloco.

Segundo ela, é importante evitar o consumo de alimentos que contenham aditivos, não só pelas reações adversas que podem surgir com seu consumo frequente, mas também por geralmente eles virem associados a outros ingredientes, como alto teor de gordura, açúcar e sódio.

Para Isabela Rosier Olimpio Pereira, farmacêutica, doutora em Ciência dos Alimentos e professora de farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, é importante destacar que todos os aditivos que têm permissão para serem usados no Brasil são considerados seguros pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e passaram por estudos toxicológicos, garantindo sua segurança dentro das dosagens recomendadas.

“A diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Algumas pessoas podem ser mais sensíveis e desenvolver algum tipo de reação a alguns aditivos”

“Com base em estudos toxicológicos, se estabelece, quando possível, a IDA (Ingestão Diária Aceitável) dos aditivos. A IDA é a quantidade estimada do aditivo alimentar, expressa em miligrama por quilo de peso corpóreo, que pode ser ingerida diariamente, durante toda a vida, sem oferecer risco apreciável à saúde”, explica.

Veja alguns aditivos que podem causar reações

Conservantes: os nitritos e nitratos são conservantes adicionados em produtos embutidos, como linguiça, salsicha e presunto. Eles são eficientes contra micróbios e deixam o produto com uma cor rosada. Há estudos relacionando o consumo excessivo desses produtos ao aumento do risco de câncer.

Corantes: o corante amarelo de tartrazina é um dos aditivos mais perigosos. Embora seja permitido no país, foram associados ao seu consumo crises de asma, bronquite, rinite, náusea, broncoespasmos, urticária, eczema e dor de cabeça. Pessoas que têm alergia à aspirina, às vezes, também reagem à tartrazina.

Adoçantes artificiais: esses aditivos chamados de edulcorantes são divididos em naturais e sintéticos. A estévia é um exemplo de edulcorante natural, e aspartame, ciclamato e sacarina, de sintético. Algumas pessoas podem ser sensíveis ao aspartame. A consequência mais comum é dor de cabeça após o uso.

Os possíveis efeitos ruins dos adoçantes vão depender da quantidade consumida. Os especialistas concordam que o excesso faz mal, mas há controvérsias sobre os resultados a longo prazo.

Podemos evitá-los, sim

Optar por alimentos orgânicos é uma boa opção para se livrar dos aditivos Foto : Internet

Há diversos alimentos que não possuem aditivos como os in natura ou minimamente processados. É o caso, por exemplo, de arroz, feijão, legumes, verduras, leite pasteurizado, ovos, frutas, que formam uma alimentação nutricionalmente balanceada.

Em contrapartida, os alimentos ultraprocessados, como bebidas artificiais, congelados, misturas para bolo, macarrão instantâneo, tempero pronto, barras de cereais e tantos outros ofertados pelo mercado, são fontes de aditivos.

Se ficar na dúvida, uma forma prática de distinguir os alimentos que contêm ou não essas substâncias é consultar a lista de ingredientes que, por lei, deve constar nos rótulos de alimentos embalados.

Por: Bruna Alves

Do VivaBem, em São Paulo

Fontes: Rita Ribeiro, professora de nutrição da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais); Luanna Caramalac Munaro, nutricionista, especialista em prevenção e tratamentos de doenças crônicas não transmissíveis

Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/02/02/corantes-conservantes-adocantes-o-que-sao-e-por-que-devemos-evita-los.htm

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