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Vilão ou mocinho? Paixão por café e uso adequado têm influência genética

Banner de dentro dos postsEstudo recente divulgado por pesquisadores holandeses encontra gene associado ao consumo da bebida. Outro gene seria fundamental para a metabolização da cafeína

O café é uma bebida complexa que contém, além da cafeína, mais de mil compostos responsáveis por seu aroma e sabor. Aquela paixão pelo café que move a maioria das pessoas em um ritual diário cada vez mais tem movido também a ciência. A vontade de tomar café e as reações que apresentamos em relação à cafeína são moduladas pela genética.

No esporte, a cafeína, principal substância ativa do café, é amplamente utilizada como termogênico e muitas vezes é garantia de melhora na performance. Diversos estudos relatam o benefício dessa bebida para a saúde e para a redução de risco de desenvolvimento de doenças como Parkinson, Alzheimer, diabetes, alguns tipos de câncer, entre outras. Por outro lado, pesquisas também indicam algumas situações em que a cafeína aumenta o risco cardiovascular, hipertensão e perda de densidade óssea. Além disso o consumo em excesso está associado a dores de cabeça, náusea, ansiedade e agitação.

Como saber se o café é o mocinho ou bandido? Muito provavelmente essa pergunta não terá resposta, mas a chave para a utilização adequada do café pode estar na sua genética. Cada pessoa terá uma resposta individual ao café e à cafeína.

Um novo estudo divulgado recentemente por pesquisadores holandeses encontrou um gene associado ao consumo de café. Indivíduos que apresentam uma variação no gene PDSS2 parecem consumir menos café do que as pessoas que não possuem essa variante. Durante o estudo, foram avaliadas milhares de pessoas de uma população italiana e outra holandesa, o que torna os resultados bem robustos. Mais estudos em outras populações devem ser realizados, mas, ao que tudo indica, quem possui essa variante apresenta uma dificuldade maior de metabolizar a cafeína.

Além desse estudo, outros demonstram que outro gene, o CYP12A, também é fundamental na metabolização da cafeína. Pessoas com uma variação nesse gene são metabolizadores lentos da cafeína e podem apresentar mais efeitos adversos ao ingerirem além de um risco cardíaco significativamente maior. Por outro lado, quem não possui essa alteração pode ter sua performance melhorada ao utilizar a cafeína como pré-treino. Sempre com a orientação de um profissional da saúde.

A ciência comprova que o cafezinho de cada dia pode ser, sim, um aliado da saúde e da performance, mas sempre de maneira única e individualizada para cada um obter o máximo de seus benefícios.

Referências:
Pirastu et al., Non-additive genome-wide association scan reveals a new gene associated with habitual coffee consumption. Sci Rep. 2016 Aug 25;6:31590.
Denden S, et al., Gender and ethnicity modify the association between the CYP1A2 rs762551 polymorphism and habitual coffee intake: evidence from a meta-analysis. Genet Mol Res. 2016 Apr 4;15(2).

Fonte:LIA KUBELKA BACK

euatleta-liakubelka-biotecnologia-especialista

Mestre em biotecnologia e doutora em biologia celular e do desenvolvimento com habilitação em genética molecular humana pela UFSC. É membro da American Society of Human Genetics e do Institute for Functional Medicine. Hoje é diretora técnica do Biogenetika, centro de medicina individualizada.

Transcrito:http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2016/09/vilao-ou-mocinho-paixao-por-cafe-e-uso-adequado-tem-influencia-genetica.html

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