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Relação entre vontade de comer doce e fazer exercícios passa pela endorfina

No exemplo em questão a liberação de endorfina pelo cérebro parece explicar as duas formas de “dependência”. Fisiologista explica que as duas têm um efeito final parecido

Existe alguma relação entre a vontade de comer doce e a necessidade de fazer exercícios? Aparentemente, estamos falando de duas situações totalmente dissociadas. Enquanto a vontade de ingerir doces, talvez o principal vilão dos portadores de excesso de peso, adiciona calorias, o desejo de praticar atividade física representa uma forma de queimá-las. O que existe de comum entre estas duas situações? A endorfina!

Frequentemente, esta substância reaparece no “noticiário científico” explicando alguns dos fatos mais curiosos da fisiologia do exercício. No exemplo em questão, a liberação de endorfina pelo cérebro parece explicar as duas formas de “dependência”.

Para algumas pessoas, quando se sente aquela vontade inadiável de comer doce, se caracteriza uma necessidade de liberar endorfina. Ao comer um doce, e aumentar o nível de glicose circulante o cérebro libera endorfina, o que justifica aquela sensação de “plenitude” experimentada pelos “formigões” inveterados. Parece inclusive que quando se ingere açúcar associada à gordura a liberação de endorfina é ainda mais intensa (exemplo típico do chocolate e dos doces com cremes).

No caso do exercício físico, o mecanismo é diferente, porém o efeito final é o mesmo. Sabemos que o exercício prolongado, principalmente o de intensidade moderada, é um potente liberador de endorfina. Este mecanismo se torna tão eficaz que também cria a “dependência” do exercício, acometendo os praticantes regulares que não podem ficar sem sua liberação de endorfina. Convenhamos que neste caso o fator liberador é muito mais saudável do que no caso do dependente de doce.

Uma análise crítica destes exemplos nos leva a pensar que parece existir um sentido lógico por trás de tudo, como sempre acontece quando se trata de fenômenos fisiológicos. Podemos entender que a natureza nos proporciona situações que sempre tendem levar a um equilíbrio, a não ser que alguma atitude obsessiva provoque um distúrbio de comportamento.

O mesmo bem-estar que experimentamos ao degustar um alimento, temos a chance de obter ao aumentar o nosso metabolismo para produzir energia. Saber usar este conhecimento pode nos levar a uma vida saudável sem a necessidade de nenhuma privação. Torna-se possível ingerir doces e, portanto usufruir do prazer que os alimentos proporcionam. Isso, claro, desde que nós também adotemos a busca da endorfina pelo exercício como um hábito regular tão importante quanto o de se alimentar.

Por Turíbio Barros
São Paulo

Fonte:TURÍBIO BARROS

Mestre e Doutor em Fisiologia do Exercício pela EPM. Membro do conselho científico da Midway Labs, professor e coordenador do Curso de Especialização em Medicina Esportiva da Unifesp e fisiologista do São Paulo FC e coordenador do Departamento de Fisiologia do E.C. Pinheiros. Membro do American College of Sports Medicine. www.drturibio.com

Transcrito:http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2017/03/relacao-entre-vontade-de-comer-doce-e-fazer-exercicios-passa-pela-endorfina.html

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