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Cirurgia bariátrica: o que é, como é feito e para quem é indicado

Conhecida como cirurgia de redução do estômago, procedimento é indicado para obesidade grave e promove melhora de doenças associadas

Engana-se quem pensa que a cirurgia bariátrica serve apenas para emagrecer. Embora a perda de peso seja um dos principais resultados, o procedimento també

m contribui para a redução de doenças associadas à obesidade e melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes, ao facilitar a realização de tarefas simples do dia a dia.

Trata-se de uma cirurgia cercada de particularidades, que muitas vezes geram dúvidas e até preconceitos. Para entender melhor e combater qualquer tipo de desinformação, especialistas esclarecem o que é a bariátrica, para quem é indicada, benefícios e quais são os riscos envolvidos no procedimento.

O que é e como é feita a cirurgia bariátrica?

Bariátrica é principal cirurgia para casos de obesidade grave – Foto:(Reprodução/Internet)

A bariátrica foi popularizada como cirurgia de redução de estômago, mas ela vai além disso. É um procedimento que promove alterações no trato digestivo com o objetivo de limitar a ingestão de alimentos e a absorção de calorias em excesso, favorecendo a perda de peso e tratando comorbidades associadas à obesidade, como hipertensão, diabetes, apneia do sono, entre outras.

Segundo a endocrinologista Fernanda Braga Albuquerque, os tipos de cirurgia bariátrica mais realizados no Brasil são o bypass gástrico e a gastrectomia vertical (sleeve). O bypass, mais comum no Sistema Único de Saúde (SUS), reduz o estômago em um pequeno “reservatório” e desvia parte do intestino.

— Com esse procedimento, o paciente come menos e absorve menos calorias, além de apresentar melhora em outras doenças, como diabetes tipo 2, por aumentar a produção de hormônios intestinais, como o GLP-1 explica Fernanda.

Já a bariátrica gastrectomia vertical remove de 70% a 80% do estômago, sem alterar o intestino. O paciente sente menos fome e, consequentemente, consome menos alimento.

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Quem pode fazer a cirurgia?

Inicialmente, a indicação do Conselho Federal de Medicina era de que a cirurgia deveria ser destinada para indivíduos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 40 kg/m², ou a partir de 35 kg/m² quando há presença de comorbidades. No entanto, essa sugestão recentemente sofreu uma atualização, e, agora, pessoas com IMC entre 30 e 35 passam a poder realizar o procedimento.

As pessoas com IMC acima de 30 devem ter algum quadro de saúde relacionado. Antes, só podiam se submeter à cirurgia pacientes com até dez anos de diagnóstico de diabetes, com mais de 30 e menos de 70 anos de idade. Agora, não existe mais tempo mínimo de convivência com a doença ou idade.

Além disso, o leque de doenças também foi ampliado. Agora, podem realizar a bariátrica pessoas que com IMC de 30 que tenham: diabetes tipo 2, doença cardiovascular grave, apneia do sono grave, doença renal crônica precoce, doença gordurosa hepática, refluxo gastroesofágico.

Os critérios para classificar a obesidade passam por constantes atualizações, de acordo com Juliano Canavarros, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).

— A gente usa os dados antropométricos, por exemplo. É necessário usar tanto o IMC quanto medir a cintura abdominal, ver a relação cintura-quadril e a relação cintura-altura desse paciente — detalha Canavarros.

Ele destaca ainda o uso de exames como o DEXA, uma espécie de densitometria por imagem, capaz de identificar com precisão a composição e a localidade do tecido adiposo no corpo.

Benefícios da bariátrica

Um dos principais benefícios da bariátrica é a melhora na qualidade de vida do paciente – Foto:(Reprodução/Internet)

Além do emagrecimento, a bariátrica está associada à diminuição e até remissão de doenças associadas ao excesso de peso e também na melhora da qualidade de vida do paciente. Os especialistas listam os principais benefícios da cirurgia bariátrica:

– Perda significativa de peso (geralmente entre 50% a 70% do excesso de peso);

– Controle ou remissão de comorbidades, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apneia do sono e colesterol alto;

– Melhora da qualidade e expectativa de vida;

– Redução do risco cardiovascular;

– Melhora do controle glicêmico em diabéticos tipo 2, muitas vezes já nas primeiras semanas após a cirurgia;

– Diminuição da necessidade de medicamentos;

– Redução ou desaparecimento de sintomas de apneia do sono;

– Aumento da mobilidade e alívio de dores articulares.

– Melhora da autoestima e da saúde mental, com impacto positivo na disposição e bem-estar emocional;

– Melhora da fertilidade em mulheres com obesidade.

Possíveis riscos

Como todo procedimento cirúrgico, a bariátrica pode ter complicações durante ou após a cirurgia, como sangramentos, infecções e fístulas ou vazamento. No entanto, o representante da SBCBM ressalta que esses casos diminuíram significativamente graças às tecnologias em procedimentos cirúrgicos, como pinças de alta energia e melhoria nos equipamentos de grampeamento.

Outra consequência é o risco das deficiências nutricionais após a cirurgia. Segundo a nutricionista Laiane Afro, a principal dificuldade está na adaptação alimentar, já que a capacidade gástrica fica reduzida e há maior risco de deficiências nutricionais, tanto pela menor ingestão de alimentos quanto pela limitação na absorção de nutrientes como proteínas, ferro, zinco, cálcio, vitamina D e vitaminas do complexo B.

A nutricionista também aponta a desidratação como um desafio, especialmente nos primeiros dias após a cirurgia. Em alguns casos, pode ocorrer a síndrome de dumping, caracterizada por mal-estar devido ao rápido esvaziamento gástrico, geralmente desencadeado pelo consumo de alimentos ricos em açúcar ou gordura.

Pré e pós-operatório

Uma etapa fundamental para quem ainda vai se submeter à cirurgia bariátrica é o acompanhamento nutricional, pois permite avaliar a composição corporal e corrigir deficiências nutricionais antes do procedimento.

— A adequação é importante para garantir que o paciente chegue ao procedimento bem nutrido, visando minimizar os riscos na cirurgia. Além disso, o papel do nutricionista também é orientar sobre a mastigação, escolha dos alimentos e o fracionamento das refeições, preparando o paciente para uma adaptação mais tranquila no pós-operatório — explica Laiane.

O acompanhamento psicológico também é necessário, já que muitos pacientes apresentam histórico de transtornos como compulsão alimentar, ansiedade ou depressão. Após a cirurgia, podem surgir dificuldades com a autoimagem, alterações na relação com a comida e frustrações por expectativas irreais. Por isso, o suporte psicológico (ou psiquiátrico em alguns casos) tanto antes quanto depois do procedimento é fundamental para manter o foco na saúde e evitar hábitos antigos.

Canavarros explica que os cuidados começam ainda no hospital, onde os pacientes são incentivados a se levantar o quanto antes para evitar complicações respiratórias, como a atelectasia. Já em casa, o paciente começa uma dieta líquida bastante restrita, com progressão gradual para alimentos com mais resíduos e, posteriormente, para uma dieta sólida em menor quantidade. O paciente passa a sentir saciedade mais rapidamente, devido à redução da capacidade gástrica.

Vida depois da bariátrica

Para evitar complicações e garantir uma perda de peso saudável, Laiane recomenda seguir corretamente as orientações nutricionais, evitando o consumo de gorduras, bebidas gaseificadas, álcool e ultraprocessados. Ela reforça a importância de realizar refeições equilibradas, contendo carboidratos complexos, proteínas, gorduras boas e fibras, além da prática regular de atividade física, sempre com o acompanhamento de um profissional.

— Não existem alimentos proibidos, mas após a cirurgia são necessários alguns cuidados em relação à progressão da consistência dos alimentos para que ocorra uma boa cicatrização do estômago e do intestino — informa a nutricionista.

A mudança nos hábitos precisa ser permanente. Retornar ao estilo de vida anterior pode levar ao reganho de peso e comprometer os resultados da cirurgia. O sucesso do procedimento depende da adesão a uma alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e acompanhamento multiprofissional constante.

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Por: Maria Carolina Gonzalez, para o EU Atleta — São Paulo

Fonte: Fernanda Braga Albuquerque é médica endocrinologista, Doutoranda em Medicina e médica do Serviço de Diabetes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Juliano Canavarros atua em cirurgias do aparelho digestivo e é o atual presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). É membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), da Academia de Medicina de Mato Grosso, e faz parte da Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders (IFSO).

Laiane Afro é nutricionista formada pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e pós-graduada em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional pela Santa Casa da Bahia.

Transcrito: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2025/05/22/c-cirurgia-bariatrica-o-que-e-como-e-feito-e-para-quem-e-indicado.ghtml

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