6 lesões muito comuns na corrida e o que fazer para evitar esses problemas
Correr é acessível, democrático e traz uma série de benefícios para a saúde.
Mas, como toda atividade física, também tem seus riscos de lesões especialmente quando há aumento brusco no volume de treino, falta de fortalecimento muscular ou o descanso é negligenciado.
A seguir, explicamos seis lesões muito comuns na corrida e o que fazer para evitá-las.
Síndrome femoropatelar
– É caracterizada por uma dor na frente do joelho e atrás ou ao redor da patela. O desconforto aparece com mais frequência ao descer escadas ou rampas, mas também incomoda na subida ou ao ficar muito tempo sentado com o joelho flexionado.
– Causas: aumento exagerado do volume (distância) de treino, desalinhamentos no joelho e fraqueza nos principais grupos musculares usados na corrida, como quadríceps, glúteos e abdome, estão entre os principais fatores que levam a essa lesão, de acordo com o ortopedista e traumatologista do esporte Bruno Canizares.
– O tratamento envolve fisioterapia, fortalecimento muscular e trabalhos de mobilidade. A liberação miofascial da musculatura também ajuda, aliviando a tensão e facilitando o movimento da patela ao dobrar e esticar o joelho.
A condição é crônica, mas com o tratamento adequado, a fase aguda pode durar de quatro a oito semanas. Em casos leves, dá para manter a corrida com redução da carga e da intensidade. Já nos mais graves, pode ser necessário fazer um repouso parcial, trocar temporária a atividade física e continuar com o fortalecimento muscular até os sintomas melhorarem.
Para evitar a lesão, fortaleça os músculos da coxa e, principalmente, os glúteos, que desempenham papel biomecânico no alinhamento do joelho. Outra dica é controlar a intensidade e progressão do volume de treinos, evitando aumentos bruscos de carga.
O agachamento é um ótimo exercício para fortalecer os músculos da coxa e os glúteos – Foto:(Reprodução/Internet
Síndrome do trato iliotibial
– Gera dor na lateral “externa” do joelho ou no quadril. Essa lesão é desencadeada pelo atrito repetitivo de uma faixa de tecido fibroso —que se estende do quadril até a parte externa joelho —contra o osso do fêmur. Outros sintomas são sensação de estalo ou queimação na lateral da articulação e piora da dor ao descer escadas ou correr em declive.
– Causas: Segundo André Guerreiro, diretor da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte, esse atrito pode ser causado por treino excessivo (principalmente em descidas), enfraquecimento dos músculos do quadril e glúteos, desequilíbrios musculares, encurtamento da banda iliotibial, uso de tênis inadequados (gastos e sem amortecimento) e alterações biomecânicas como joelho valgo e pé pronado.
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– O tratamento inclui fisioterapia, exercícios de alongamento, fortalecimento muscular, ganho de flexibilidade e mobilidade, escolha de calçados adequados e ajuste dos desalinhamentos biomecânicos.
Em algumas situações, não é preciso parar de correr, mas, sim, fazer um controle de carga e intensidade do treino. Em outras, a corrida deve ser suspensa temporariamente até que os sintomas desapareçam. A prevenção envolve o fortalecimento de toda a musculatura do quadril e do core, além de acompanhamento com profissionais da saúde e do esporte para garantir treinos adequados e estruturados.
Tendinite de Aquile
Imagem: Getty Images
A tendinopatia do tendão calcâneo é uma inflamação crônica que leva à degeneração do tendão de Aquiles, responsável por conectar a musculatura da panturrilha ao calcanhar.
É comum em corredores, principalmente naqueles que aumentam a carga de treino sem o preparo adequado da musculatura. Encurtamento muscular, fraqueza da panturrilha, uso de calçados inadequados e corridas em terrenos inclinados, que exigem mais esforço dos músculos da panturrilha para impulsionar o corpo, também influenciam.
– Os principais sintomas são dor e rigidez na região atrás do tornozelo (localizada no tendão), especialmente intensas ao acordar ou no início da prática esportiva. Em muitos casos, a dor tende a diminuir após alguns minutos de corrida, mas, em situações graves, pode ser contínua —nessas situações, recomenda-se interromper a corrida temporariamente e manter o condicionamento físico com bicicleta ou exercícios na água.
Se não for encarada com seriedade, a tendinite de Aquiles se torna uma lesão difícil de tratar e com alto índice de recidivas. Em sua fase inicial, é importante fazer fisioterapia, alongamento de toda a cadeia posterior e, eventualmente, a correção da pisada. Nos quadros crônicos, quando há uma grande degeneração do tendão e a formação de uma proeminência óssea no local, cirurgia pode ser necessária. O tempo de recuperação leva de seis a 12 semanas, dependendo do grau da inflamação.
Para proteger o tendão, aqueça bem a musculatura da panturrilha antes de correr, fortaleça a região com treinos específicos e não faça aumentos bruscos de intensidade. Exercícios para melhorar a mobilidade da região também são importantes. Além disso, use calçados adequados, com bom amortecimento e suporte ao pé, evite treinos em superfícies muito duras ou inclinadas, respeite sinais de dor ou desconforto.
Fazer um bom aquecimento no início do treino é importante para reduzir o risco de lesões – Foto:(Reprodução/Internet
Canelite
– Provoca dor na parte interna e anterior da canela, resultado de microtraumas de repetição no osso (ou na inserção da musculatura no osso).
As principais causas dessa lesão, chamada de síndrome do estresse medial tibial, são aumento abrupto do volume e carga de treinamento, corrida em superfícies muito duras (concreto, asfalto), uso de calçados que não são apropriados para a corrida, ter pés planos o chamado pé chato e fraqueza ou desequilíbrio da musculatura local.
O tratamento pode incluir o uso de medicamentos, gelo, fisioterapia e fortalecimento da musculatura. Pode ser necessário diminuir a intensidade dos treinos ou até interrompê-los totalmente.
Se não tratada, a canelite pode evoluir para fraturas por estresse em diferentes graus, alerta Canizares. O tempo de recuperação quando não há sinais de alteração óssea pode variar entre duas a seis semanas, dependendo do grau da lesão. Para prevenir o problema, corrija sua forma de correr e postura e fique atento ao tipo de pisada e calçado utilizado.
Fraturas por estresse
Patologia que afeta a estrutura óssea, pode levar a microfissuras e até a uma fratura completa. Causa uma dor localizada, intensa e incapacitante na região da perna, que tende a piorar progressivamente com a prática de exercício e aumento súbito na carga ou na intensidade do treinamento. Ela é mais comum na tíbia (osso da canela), mas pode ocorrer no colo do fêmur e nos ossos do pé (como os metatarsos).
André Guerreiro, que é médico da Seleção Brasileira de Atletismo, afirma que as causas das fraturas por estresse são semelhantes às da canelite, mas têm maior gravidade e estão associadas a deficiências nutricionais (cálcio e vitamina D) e história de osteopenia precoce.
Mulheres devem redobrar a atenção: dietas extremas e alta intensidade de treino podem levar à tríade da mulher atleta, que envolve distúrbios menstruais, alteração na densidade óssea e distúrbios alimentares, elevando o risco da patologia.
O tratamento exige pausa completa na corrida. Dependendo do grau da fratura, pode ser indicado o uso de muletas ou bota ortopédica com imobilização para evitar a sobrecarga no osso afetado ou ainda cirurgia.
Quem sofre fratura de estresse pode demorar de um mês e meio a seis meses (ou mais) para voltar a correr, dependendo da localização e da evolução. O acompanhamento é feito por meio de exames de imagem, como a ressonância, para avaliar a recuperação da lesão.
– Como se prevenir: quem pratica atividade física deve manter uma nutrição adequada, ingerindo a quantidade correta de calorias para que o corpo consiga se recuperar e regenerar os tecidos ósseos e musculares, que sofrem microlesões durante o treino. Também é essencial manter o fortalecimento muscular para evitar a sobrecarga durante a corrida.
Fascite plantar

É a inflamação da fáscia plantar um tecido que liga a base dos dedos ao osso do calcanhar e forma o arco do pé. O problema surge quando essa estrutura sofre microlesões por repetidos impactos, provocando dor na sola do pé, especialmente próxima ao calcanhar.
Frequentemente as queixas surgem após pisar no chão na sequência de um longo período sentado ou deitado, melhorando um pouco com movimento e voltando a piorar após sobrecarga local, em corridas e prolongados períodos em pé.
– Vários fatores podem contribuir para o aparecimento da fascite plantar: excesso de impacto na corrida, treinos em terrenos rígidos, principalmente com calçados inadequados, fraqueza da musculatura intrínseca do pé, encurtamento da cadeia posterior da perna, pisada pronada e pés planos (pouco arco) ou cavos (muito arco).
Para tratar, os médicos indicam fisioterapia, com foco no alongamento da cadeia posterior da fáscia plantar, e fortalecimento da musculatura intrínseca do pé, além de repouso e uso de gelo, especialmente quando a dor é intensa.
“Uma dica é colocar uma garrafinha de água no congelador e, depois que o gelo se formar, rolar com o calcanhar até a ponta dos dedos na posição sentada. Essa técnica alivia a dor e ajuda a liberar a fáscia calcanhar. O tempo de recuperação varia entre os pacientes, mas pode levar de seis a oito semanas. Nos casos mais graves, o processo pode ser mais longo”, diz Bruno Canizares, ortopedista e traumatologista do esporte.
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Por: Bárbara TherrieColaboração para VivaBem
Fonte: André Guerreiro, diretor da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte e médico da Seleção Brasileira de Atletismo
Bruno Canizares, ortopedista e traumatologista do esporte, com experiência clínica no tratamento de condições ortopédicas que afetam ombro, cotovelo e joelho
Transcrito: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2025/05/30/veja-quais-sao-as-6-lesoes-mais-comuns-na-corrida—e-como-evita-las.htm