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Sobrepeso e sedentarismo são fatores de risco para síndrome metabólica

O critério mais importante para o diagnóstico da SM é a cintura abdominal, que fica no máximo em 90cm para os homens e 80cm para as mulheres, explica médico

O sobrepeso é um grande fator de risco para inúmeras doenças, em especial, as cardiovasculares. As consequências dele e da síndrome metabólica podem ser terríveis também para outros órgãos e tecidos: fígado (esteatose hepática), rim (nefropatia), olhos (retinopatia), gônadas (hipogonadismo), entre outros. Hipócrates, considerado o “pai da medicina”, já dizia: “A corpulência não é apenas uma enfermidade em si, mas o prenúncio de outras. A morte súbita é mais comum naqueles que são naturalmente gordos do que nos magros”.

A síndrome metabólica (SM) corresponde a um conjunto de doenças cuja base é a resistência insulínica. Pela dificuldade de ação da insulina, decorrem as manifestações que podem fazer parte da síndrome. Os principais fatores de risco são o sobrepeso, a obesidade e o sedentarismo. Por isso, o critério mais importante para o diagnóstico da SM é a cintura abdominal, que segundo o novo guia da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) fica em no máximo 90cm para os homens e 80cm para as mulheres. Outros critérios também fazem parte, sendo necessário dois para se fechar o diagnóstico:

> Triglicérides ≥150mg/dl ou tratamento

> HDL<40mg/dl (Homens);50mg/dl (Mulheres)
Pressão arterial sistólica ≥130 ou Pressão arterial diastólica ≥85mmHg ou tratamento

> A ABESO ainda considera o IMC fundamental para avaliação dos pacientes com sobrepeso:Glicemia de jejum ≥100 mg/dl ou diagnóstico prévio de diabetes

A ABESO ainda considera o IMC fundamental para avaliação dos pacientes com sobrepeso:

<18,5 (baixo peso)

18,5-24,9 (eutróico)

25-29,9 (sobrepeso)

30-39,9 (obesidade)

>40 (obesidade grave)

No entanto, outros métodos podem auxiliar o medico na individualização do paciente. Um exemplo é a bioimpedância ou impedanciometria elétrica. Ela se baseia no fato do corpo humano ser composto por água e íons condutores elétricos (o tecido adiposo impõe resistência para a passagem da corrente elétrica ao passo que o tecido muscular esquelético, rico em água, é um bom condutor).

No exame de bioimpedância, uma corrente elétrica alternante de baixa intensidade é conduzida através do corpo. A impedância é calculada com base na composição de dois vetores: a resistência e a reatância (a resistência é a restrição ou a voltagem perdida na passagem da corrente elétrica através do corpo e depende da quantidade de água presente ao passo que a reatância é outra força resistiva caracterizada pelo armazenamento da corrente durante a passagem pelas membranas e pelo meio intracelular). O exame deve ser realizado com jejum de pelo menos 4h, idealmente sem atividades físicas por 12 horas, com abstinência alcoólica por 24 horas, preferencialmente sem uso de diuréticos por sete dias. As mulheres devem realizar entre o 7º e 21°dia do ciclo menstrual.

Estou acima do peso e acho que tenho síndrome metabólica, o que devo fazer?

É fundamental entender que o primeiro passo para tratar a síndrome metabólica é procurar um médico. Mudanças no estilo de vida, com alimentação balanceada e exercícios físicos, todos já sabemos que são importantes. Outras mudanças podem trazer uma ajuda extra para portadores da SM. Veja quais são elas:

1. Diminuir o estresse excessivo! O estresse crônico causa hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que leva a feedback negativo no núcleo paraventricular, levando a produção de endocanabinóides. Eles têm efeito no núcleo accumbens, levando para uma busca de comida palatável (alimentos doces e calóricos), que tem propriedades de recompensa poderosas no sistema hedônico não homeostático. Ou seja, influenciando o comportamento e levando ao maior acúmulo de gordura visceral.

2. Ter um sono de qualidade com mínimo de 7h. Privação do sono provoca diminuição da secreção de hormônios, como leptina e TSH, aumento dos níveis de grelina e diminuição da tolerância à glicose em seres humanos, incluindo aumento da fome e do apetite. Estas mudanças são consistentes com a privação de sono crônica levando ao aumento do risco de obesidade.

Por que um sono de qualidade é tão importante na prevenção da síndrome metabólica?

A melatonina secretada na glândula pineal é um hormônio fundamental, que funciona como um cronobiótico, desempenhando um papel importante na regulação da ordem temporal interna circadiana. Evidências experimentais demonstram que a melatonina é necessária para a síntese adequada, secreção e ação da insulina.

A melatonina é responsável, em parte, pela distribuição diurna de processos metabólicos para que a fase de atividade alimentar esteja associada com alta sensibilidade à insulina durante o dia (na vigência de luz e na ausência de melatonina), e a fase de jejum esteja sincronizado com a resistência à insulina durante a noite (na ausência de luz com secreção de melatonina pela pineal). A redução na produção de melatonina, tal como durante o envelhecimento, o trabalho em plantões e turnos ou ambientes cada vez mais iluminados durante a noite, induz a resistência à insulina, intolerância à glicose e perturbações do sono. A desorganização circadiana metabólica leva à síndrome metabólica e obesidade.

Por que o tratamento da SM deve ser individualizado para cada pessoa?

O objetivo do tratamento é melhorar a saúde do paciente. Embora a perda de peso seja importante, não se deve ter o foco do tratamento na perda de peso corporal por si só. Reeducação alimentar, exercício físico e modificação comportamental (estresse e sono, por exemplo) devem ser incluídas. Na presença de falência da intervenção na mudança de estilo de vida ou em pacientes com uma história prévia com tentativas de dieta de restrição calórica e aumento de atividade física, o tratamento medicamentoso deve ser indicado na presença de sobrepeso associado a fatores de risco. Lembre-se de procurar sempre o acompanhamento médico necessário.

Por: Guilherme Renke, Rio de Janeiro

Fonte: Guilherme Renke, Médico do Esporte (Foto: EU ATLETA)

Transcrito:https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/sobrepeso-e-sedentarismo-sao-fatores-de-risco-para-sindrome-metabolica.ghtml

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