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Conheça os nutrientes aliados da tireoide

Ao ingerir os nutrientes certos, você ajuda a tireoide a trabalhar melhor. Está comprovado: a dieta aumenta a disposição, e assim fica mais fácil controlar os efeitos decorrentes do desequilíbrio

Uma das maiores glândulas do corpo humano, a tireoide interfere em todos os sistemas do organismo, portanto, qualquer disfunção nessa estrutura localizada no pescoço, logo abaixo do popular pomo-de-adão, é sinônimo de encrenca, já que ela é responsável pela produção dos hormônios T3 e T4, responsáveis pelo metabolismo celular. “A tireoide é a ‘gasolina’ do corpo; age estimulando o funcionamento e diversas funções em diferentes órgãos, portanto ela estimula o metabolismo e o gasto energético”, explica Gisah de Carvalho, endocrinologista, de Curitiba (PR).

O hipotireoidismo, ou seja, o funcionamento insuficiente da glândula, é a alteração mais frequente, e sua prevalência nas mulheres fica em torno de 10%. Outra disfunção comum é uma condição autoimune, definida como tireoidite de Hashimoto, que também afeta mais o sexo feminino.

Flutuações hormonais

Muitos casos de hipotireoidismo são diagnosticados, ainda, após a gravidez, mostrando que flutuações hormonais tipicamente femininas têm impacto importante no funcionamento da glândula. Vale lembrar que algumas crianças nascem com hipotireoidismo, uma condição que é averiguada rapidamente por meio do importante teste do pezinho.

Com esse “combustível” em falta, a reação natural do organismo é funcionar de modo econômico. Essa noção explica os principais sintomas do hipotireoidismo: o coração bate mais devagar, o intestino funciona mal, a memória falha, o cansaço e o desânimo ficam intensos, a pele resseca, o cabelo cai, a pessoa engorda, retém líquidos, pode sofrer com a anemia, o colesterol elevado e a depressão.

Funcionamento acelerado

Já o hipertireoidismo tem manifestações exatamente opostas, como batimento cardíaco acelerado, agitação, dificuldade para dormir e energia em excesso, que, no fim, também resulta em cansaço. A doença de Graves, de caráter autoimune (ou seja, quando o sistema imunológico ataca e destrói células e tecidos saudáveis do próprio corpo) pode estar por trás dessa condição, bem como a presença de nódulos que aumentam a produção hormonal. Também é possível que aconteçam erros na dosagem do hormônio sintético, no caso de pacientes que fazem reposição devido ao hipotireoidismo. Em longo prazo, o problema pode levar a arritmias graves e osteoporose. Nódulos na tireoide, por sinal, são bastante comuns. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), 60% dos brasileiros terão o problema em alguma fase da vida. A maior parte dos achados, ou 95%, é benigna, mas quando há sinais de malignidade ou o resultado é indeterminado, a glândula é inteiramente removida e o paciente passa a receber reposição hormonal pelo resto da vida.

Gisah de Carvalho esclarece que é um mito achar que uma pessoa é gorda ou magra porque tem problemas de tireoide. “Essas disfunções causam alteração transitória do peso; uma vez que a paciente recebe tratamento adequado, o peso passa a depender do que ela ingere e do gasto calórico, como ocorre com qualquer pessoa saudável”, garante a endocrinologista.

O papel da nutrição

Para os especialistas, não dá para saber se os problemas de tireoide tornaram-se mais comuns ou, apenas, mais diagnosticados. Mas é difícil não fazer conexões diretas com a alimentação moderna — é que o iodo que ingerimos na dieta é utilizado pela glândula na produção dos hormônios, por isso a recomendação é consumir cerca de 150 microgramas (mcg) por dia (ou 250 mcg, no caso das gestantes). Há algumas décadas, a alta incidência de bócio endêmico, uma doença caracterizada pelo aumento do volume da tireoide e problemas mentais, decorrente, na maioria das vezes, da falta de iodo, levou autoridades em todo o mundo a determinarem a inclusão do elemento no sal de cozinha.

O problema é que, além do consumo exagerado de produtos industrializados, ricos em sal, medicamentos, vitaminas e mesmo frutos do mar em excesso fornecem uma quantidade alta desse micronutriente. Se excesso de iodo crônico ocasiona o hipertireoidismo, a sobrecarga do elemento pode fazer que a glândula deixe de trabalhar adequadamente depois, causando também o hipotireoidismo. Conclusão: não dá para ficar sem iodo, mas tanto o excesso quanto a deficiência fazem mal.

Função dos nutrientes

Especialistas também chamam a atenção para o fato de que os nutrientes interagem entre si. Há elementos capazes de interferir na absorção do iodo, como o flúor e o cloro, o que pode, pelo menos em tese, fazer que a demanda não seja suprida adequadamente. “O consumo de água fluoretada e com cloro parece interferir nos problemas de tireoide, além do uso de contaminantes ambientais, como agrotóxicos, que impactam a absorção de nutrientes pela glândula. Mas ainda faltam estudos a respeito”, ressalta Priscila Di Ciero, especialista em nutrição funcional esportiva, de São Paulo (SP). Vários outros aspectos nutricionais podem alterar a função tireoidiana, como a falta de ferro, que diminui as concentrações de T3 e T4 (hormônios produzidos pela glândula), do zinco, que pode interferir na síntese e no modo de ação dos hormônios, e da vitamina A, cuja deficiência pode provocar hipertrofia e prejudicar a captação de iodo. A seguir, alguns detalhes de como determinados nutrientes afetam o funcionamento da glândula.

Iodo

É o principal elemento envolvido no funcionamento da tireoide. O iodo ingerido dos alimentos é usado para produzir hormônios. Uma dieta adequada deve fornecer 150 mcg de iodo ao dia (1 posta de bacalhau tem 66% disso, para se ter uma ideia). Para as gestantes, a recomendação é de 250 mcg, para evitar deficiências de aprendizado no bebê. Fontes: algas, peixes, leite, frutos do mar, iogurte e sal iodado.

Zinco

Também é importante para o equilíbrio da tireoide. Seu papel é considerado complexo e pode incluir efeitos sobre a síntese e o modo de ação dos hormônios tireoidianos. Pesquisas também mostram que tanto o hipo quanto o hipertireoidismo podem resultar em deficiência de zinco. Fontes: carne, ostras, peru, carne de cordeiro e oleaginosas.

Cobre

O mineral é importante para a produção de TSH e manutenção do T4. Este, por sua vez, ajuda na regulação do colesterol, e alguns estudos indicam que a deficiência de cobre também poderia causar aumento do colesterol, tornando pacientes com hipotireoidismo mais vulneráveis a doenças cardíacas. Fontes: frutos do mar, ostras, carne, oleaginosas e feijão.

Por: Ana Paula Ferreira

Fonte: Gisah de Carvalho, endocrinologista, de Curitiba (PR).

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)

Priscila Di Ciero, especialista em nutrição funcional esportiva, de São Paulo (SP).

Transcrito: http://corpoacorpo.uol.com.br/dieta/nutricao/conheca-os-nutrientes-aliados-da-tireoide/11692

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